GT Pedagogia do Teatro & Teatro na Educação – Anais da V Reunião Científica

 
  • Teatro e produção de conhecimento: o percurso epistemológico da pesquisa

Adilson Florentino

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO

doutor

professor

Resumo: O olhar que se acende nesta reflexão está iluminado pelo profícuo dialogo que se estabelece entre o discurso teatral e o discurso epistemológico cujo espaço de interseção é a pesquisa sobre a cena contemporânea e suas diferentes abordagens metodológicas. A hipótese potencialmente em movimento de análise que está sob julgamento é a defesa do teatro constituído como campo de conhecimento e da problematização de suas condições de possibilidade.

Palavras-chave: epistemologia do teatro; produção de conhecimento; pesquisa teatral.

 

  • Considerações sobre a formação do professor-ator: a exploração da teatralidade sob a luz das teorias do imaginário

Adriano Moraes de Oliveira

Universidade Federal de Pelotas – UFPel

mestre

Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas – UFPel

Diretor

Resumo: Este texto apresenta a base teórica e as principais discussões da pesquisa sobre formação de professores-artistas de teatro que desenvolvo o âmbito do doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas. Amparamo-nos no conceito de Teatralidade e nas teorias do Imaginário para construirmos um caminho para a formação de professores-atores. Denominamos a esse explícito ‘trajeto antropológico’ de um lugar de reeducação do sensível. Trabalhamos com a hipótese de que a exploração da teatralidade (a relação entre aquele que faz e aquele que observa) atrelada à leitura que por meio das teorias do imaginário podemos realizar sobre o momento presente (o da sociedade do espetáculo pós-industrial) orienta a eterna reinvenção do teatro por professores-artistas. Estabelecemos, para tanto, um entrecruzamento das experiências prático-teóricas de Stanislavski e Grotowski com os estudos sobre a Teatralidade de Artaud vinculada às reflexões de Gaston Bachelard e Gilbert Durand. A investigação teve início em 2008 e conta com a participação de três alunos do Curso de Teatro – Licenciatura da UFPel como sujeitos de pesquisa. O método empregado na investigação divide-se em três movimentos principais: 1. leitura coordenada de todos os textos publicados em português e espanhol de Stanislavski e Grotowski; 2. experimentação das poéticas de Stanislavski e Grotowski por meio de exercícios públicos teatrais; 3. produção de textos pelos sujeitos de pesquisa nos quais se pode verificar as intimações do Imaginário. Essa metodologia é inspirada nos trajetos dos artistas-pedagogos acima citados, os quais sugerem um constante e necessário trabalho do (professor) ator sobre si mesmo. O texto resulta num primeiro ensaio sobre o papel do professor-artista no desenvolvimento de teatro em escolas.

Palavras-chave:

 

  • Processo coletivo de reflexão sobre a atuação docente: o teatro como mediador.

Alessandra Ancona de Faria

Universidade Paulista

mestre

Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Educação – PUC/SP

professora

Resumo: Este trabalho investiga as possibilidades apresentadas pelo jogo teatral somado à  escrita dramatúrgica como forma de reflexão coletiva sobre a atuação docente. A concepção de jogo teatral se baseia na proposta de Viola Spolin (1997). A estrutura que o jogo teatral apresenta solicita, em quase sua totalidade, a necessidade de ser estabelecida uma relação entre os pares para que o problema proposto possa ser solucionado. Desta forma, somente com a disponibilidade para trabalhar junto é que o jogo poderá ocorrer, resultando daí uma integração que se dá tanto pela necessidade de observação do outro como pelo prazer da conquista comum. Embora a prática do jogo teatral já possa trazer por si mesma uma reflexão aprofundada, entendo ser importante uma sistematização destas experiências vivenciadas coletivamente, também individualizada. Para tanto, proponho a utilização da escrita dramatúrgica. Esta opção se dá pelo fato de entender que nesta forma de escrever será possível não apenas registrar o que foi experimentado, como também dar continuidade ao processo criativo iniciado com o jogo teatral. Atualmente encontramos diversas formas de textos teatrais. A ruptura com a forma dramatúrgica que vem ocorrendo no último século e com mais intensidade nos últimos cinqüenta anos nos oferece a possibilidade de explorarmos uma enorme diversidade de soluções para a escrita que será base para uma cena. A compreensão desta possibilidade dá uma grande abertura para o professor que utilizará uma escrita criativa como forma de refletir sobre sua realidade. Pensar a formação como ato criador torna-se elemento fundamental e plausível no sentido de tornar um indivíduo mais sensível, e de que esta sensibilidade possa alterar a maneira das pessoas se relacionarem no mundo, integrando aspectos há muito dicotomizados.

Palavras-chave:

 

  • Imagens como “instrumentos” provocadores no desenvolvimento de processos artísticos

Ana Maria Pacheco Carneiro

Universidade Federal de Uberlândia – UFU

mestre

Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia – UFBA

atriz, professora

Resumo: Estudos atuais na área de Psicologia da Percepção afirmam que a maior parte das informações que o homem recebe vem por imagens — símbolos, sinais, mensagens, alegorias. Pertencentes à ordem do imaginário, as imagens atuam na apreensão de informações no âmbito do conhecimento sensível. Na realidade, nunca pensamos sem que uma imagem se forme em nossa mente. Documentos textuais, elas podem contribuir como “instrumentos” provocadores no desenvolvimento de processos artísticos e, dessa forma, apontar caminhos para a área da docência em Artes Cênicas. A partir de experiências realizadas no âmbito do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Teatro, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e relacionadas com a utilização de fotografias na ampliação e aprofundamento de metodologias de pesquisa e de ensino em Artes Cênicas, percebo a possibilidade de as imagens exercerem essa ação provocadora por meio de determinadas qualidades —características que, sob alguns aspectos, se aproximam do que Barthes (1984) denomina como punctum, e que podem ser identificadas como um detalhe significativo que se apodera da sensibilidade do observador e produz a elaboração mental do fato ali retratado. Em minhas pesquisas, venho elegendo como essenciais para trabalhos relacionados ao corpo do ator as imagens cujas qualidades abarcam espacialidade, formas, movimento e dramaticidade de expressão. Tais imagens, ao fortalecerem a percepção do corpo no espaço, se tornam estímulos para a apreensão de noções relativas a volume, mobilidade, flexibilidade e dinâmica e atuam positivamente na realização de trajetos do corpo no tempo e no espaço, proporcionando ao ator a aquisição e/ou reforço de noções de organização e desorganização de seu corpo no espaço/tempo da cena. Esta comunicação tem como base alguns momentos-chave das práticas realizadas nessas pesquisas, de modo a pontuar parte das reflexões que tais práticas têm proporcionado acerca do tema acima pontuado: a possível contribuição de imagens como “instrumentos” provocadores no desenvolvimento de processos artísticos.

Palavras-chave:

 

  • A Estética do Dissenso em Processos Coletivos

Biange Cabral

Universidade Estadual de Santa Catarina– UDESC e Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC

doutora

professora e diretora

Resumo: Esta comunicação focaliza o papel do professor-artista (ator, dramaturgista, encenador) na potencialização poética da diferença e das subjetividades em cena. Neste contexto, apresenta e analisa enquadramentos e procedimentos que permitam dialogar com a imprevisibilidade do processo de criação cênica, dando suporte para a mobilidade da significação e para a materialização do que se convencionou como estética do dissenso. A dimensão estética da experiência como conhecimento é vista através das contraposições entre dissenso e consenso, entre identidade e singularidade, representação e performatividade, textualidade (jogo com o texto) e intertextualidade (jogo pela associação e/ou contraposição de textos). A contraposição, que explicita diferenças na maneira de ser e ver o mundo, e se reflete diretamente no ensino e aprendizagem, requer problematização na prática de ensino. O jogo da interpretação, na perspectiva do texto e da atuação, é investigado como alternativa metodológica para conduzir a interação entre arte e política através do estar, fazer e mostrar comportamentos humanos. O professor-artista dirige a ação, opera a estrutura e atua como dramaturgista – sua presença no espaço e tempo da experiência, conduzindo o jogo na zona limítrofe entre um contexto de significação e outro, sinaliza a desfamiliarização com as situações emergentes, deslocamentos de tempo e espaço, revisões, composições, e disposições que permitiriam delinear as fronteiras entre teatralidade e estética do dissenso. Esta investigação se insere no projeto de pesquisa “O Jogo da Interpretação – subjetividades em cena e criação em grupo”, em fase de tramitação.

Palavras-chave:

 

  • Onde se desenha um par de asas: percurso criador em teatro

Célida Salume Mendonça
mestre

Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia – UFBA

Professora
Resumo: O percurso criador de construção do texto teatral Onde se Desenha um Par de Asas foi desenvolvido em caráter extracurricular com alunos do curso de Licenciatura em Teatro da UFBA. A intersecção entre materialidade e pré-texto no processo coletivo de criação constitui o foco de investigação deste trabalho. Como ponto de partida os textos História de Gentes e Anjos de Lya Luft e Anotações sobre um Amor Urbano de Caio Fernando de Abreu. Leveza, uma das seis propostas para o novo milênio a partir do olhar de Ítalo Calvino é tomada como princípio na escolha da materialidade oferecida para interagir com os atuantes envolvidos no processo de criação teatral, uma presença ativa que os ajuda a reagir. O percurso de experimentação dialoga ainda com a Teoria da Formatividade proposta por Pareyson como processo inventivo direcionado intuitivamente pelo professor de teatro. O processo constitui-se fundamentalmente de exercícios e jogos – uma interpretação produtiva da matéria artística na fase de preparação, estudo e pesquisa. O exercício é tomado como parte integrante do processo artístico, assim como os jogos de apropriação do texto. São esses procedimentos que inventam no decorrer da operação o modo de fazer, o como as imagens se cruzam e as escolhas a serem feitas, conduzindo do texto de ficção à realização da cena.

Palavras-chave: texto; processo coletivo; exercício; formatividade; montagem.

 

  • Considerações sobre a dimensão acústica nas aulas de teatro em contextos escolares

César Lignelli

Universidade Federal de Uberlândia – UFU

mestre

Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília – UnB

professor e diretor musical

Resumo: A dimensão acústica da cena constituída pelas esferas da palavra, da música, do entorno acústico e da organização dessas esferas em um tempo/espaço específico no âmbito de 360º, têm sido o ponto de partida para a formação de atores e resultados estéticos vinculados ao grupo de pesquisa Vocalidade & Cena – UnB/UFU, cadastrado no CNPq desde 2003. Esse texto visa problematizar questões associadas à produção, reprodução e representação de sentido a partir do lugar que ocupa e que pode vir a ocupar a dimensão acústica e suas respectivas esferas em contextos educacionais contemporâneos. A perspectiva adotada envolve a definição e a possível aplicabilidade dos conceitos de dimensão acústica da cena, de corpo e de personagem desenvolvidos pelo grupo em contextos escolares, visando amplificar a efetividade de relações de ensino/aprendizagem/resultado estético a partir de uma maior consciência e conseqüente uso diferenciado das possibilidades acústicas. Assim, essa proposta configura-se como uma possível alternativa metodológica de pesquisa acadêmica em teatro sobre os processos coletivos, também, em contextos educacionais.

Palavras-chave:

 

  • A estética política do teatro do oprimido: uma metodologia de formação docente?

Cilene Nascimento Canda

Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

mestre

Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia – UFBA

professora

Resumo: O Objeto desta pesquisa de doutorado, em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, consiste na busca de compreensão sobre as dimensões estética e política da formação de professores de teatro desta instituição, através da metodologia do Teatro do Oprimido. Tal referencial teórico-prático constitui-se em um arsenal teatral capaz de estimular a atuação efetiva do espectador da obra teatral apresentada, em consonância com as ações de busca por resoluções viáveis, por meio do diálogo, para as questões de opressão e injustiça social. Além disso, os jogos que compoem o Teatro do Oprimido têm por finalidade aguçar a imaginação, os sentidos e a capacidade de ver a realidade e posicionar-se diante dela, de modo crítico, político e coletivo. No âmbito desta pesquisa, emergem os seguintes questionamentos: qual a contribuição do Teatro do Oprimido no processo de integração entre a apreciação estética e a participação política de estudantes de Licenciatura em Teatro? Quais as peculiaridades do Teatro do Oprimido, enquanto metodologia de formação docente? Com isso, pretende-se construir uma reflexão acerca da prática teatral e a abordagem teórica do Teatro do Oprimido, enquanto perspectiva para a formação inicial do professor de teatro. Para tratar destas questões, será utilizado o seguinte referencial teórico: Augusto Boal (2005), Paulo Freire (1996), Bertold Brecht (1992), Georg Luckács (1982), Karl Marx (1989), Ingrid Koudela (2004), dentre outros. Visa-se, portanto, fomentar uma discussão teórica acerca da construção de uma metodologia de formação de professores, tendo como perspectiva a constituição investigativa de uma estética política.
Palavras-chave:  Teatro do Oprimido – estética política – formação docente.

 

  • A música-gestus no cortejo fúnebre de Esta noite Mãe Coragem

Davi de Oliveira Pinto
Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP

mestre

Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

ator, diretor e professor de teatro

Resumo: O conceito de gestus social apresenta desdobramentos na obra teórica de Brecht, entre eles, a problematização da função da música no espetáculo teatral, sintetizada no termo música-gestus. A partir deste conceito, analisa-se a construção do sentido cênico em uma cena do espetáculo teatral Esta noite Mãe Coragem (Belo Horizonte, 2007), uma realização da Cia ZAP 18, com direção de Cida Falabella, dramaturgia de Antonio Hildebrando e direção musical de Maurilio Rocha. Autores como Walter Benjamin e Roland Barthes fazem parte das referências utilizadas para balizar o processo de reflexão acerca das operações realizadas pela encenação, a qual, nessa cena específica, condensa elementos da trilha musical num complexo significativo que se destaca pela riqueza expressiva e pela abertura a múltiplas interpretações. Procedimentos como a auto-citação musical, a sobreposição polifônica de canções, o contraste simultâneo de sentidos verbais, o contraponto interno entre letra e música, a tensão dialética de elementos sonoros e visuais que se atritam cenicamente, a autonomia da imagem cênica em relação à música, promovem a constituição de um movimento fértil na produção do sentido da cena. Na análise desenvolvida, afigura-se o conceito de música-gestus como uma produtiva ferramenta conceitual, auxiliando o analista a deslindar diferentes camadas de significação cênica, configuradas nesse fragmento em particular e ampliando a compreensão das estratégias criativas utilizadas para concretizar o discurso do espetáculo em sua poética singular. Evidenciam-se, desse modo, os caminhos percorridos na cena focalizada, a qual se estabelece em sintonia com um projeto de crítica social, indissoluvelmente ligado a uma elaboração formal, ambos marcas inconfundíveis de toda a produção teórica, dramatúrgica e cênica de Bertolt Brecht.

Palavras-chave:

 

  • O Teatro Do Oprimido E Suas Contribuições Para Pensar A Prática Artística Coletiva: Uma Experiência Na Formação De Promotoras Legais Populares

Fabiane Tejada da Silveira

Instituto de Artes e Design da Universidade Federal de Pelotas – UFPel

mestre

Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas – UFPel

professora

Resumo: Esta pesquisa foi realizada no Centro Ecumênico de Evangelização, Capacitação e Assessoria (CECA)-ONG- São Leopoldo-RS. Espaço de Educação não-formal  que tem como objetivo principal capacitar mulheres para ações de prevenção à violência e defesa de direitos humanos em favor dos setores marginalizados da população, especialmente mulheres e meninas; e fortalecer as mulheres para assumirem seu projeto de vida e qualificar sua intervenção nas políticas públicas (CECA 2003). O trabalho com enfoque metodológico qualitativo de cunho interpretativo, desenvolveu-se em três etapas: na primeira etapa aconteceram oficinas com Técnicas do Teatro do Oprimido para as mulheres em capacitação no CECA, na segunda etapa houve um movimento de reflexão com essas mulheres, sobre as cenas desenvolvidas durante as oficinas e suas implicações na leitura da realidade constituída a partir da prática artística coletiva. No terceiro e último momento da pesquisa, passou-se à interpretação dos dois momentos anteriores, com o intuito de analisar qual foi à contribuição que os jogos2 realizados deram para a formação das Promotoras Legais Populares. O aporte teórico da pesquisa está fundamentado na perspectiva dialógica Freireana como eixo para compreensão do jogo cênico como reflexão coletiva sobre a realidade. Embasamos as atividades das oficinas nas concepções sobre teatro de Augusto Boal (Teatro do Oprimido).

Palavras-chave:

 

  • Procedimentos para cenas cômicas: a palavra

Fernando Lira Ximenes
Instituto Federal de Educação e

Ciência do Ceará (IFCE)

doutor

dramaturgo e professor

Resumo: Esta pesquisa é uma extensão das investigações do autor, realizadas em sua tese de doutorado em Artes Cênicas da UFBA, em que se centrou na elaboração de matrizes corporais para cenas cômicas. Nesta nova etapa de reflexão, o foco é o trabalho com as palavras exigido nessas cenas. Inspirados nos argumentos do filósofo Francês Henri Bergson, em sua obra O riso: ensaio sobre a significação da comicidade, são desenvolvidos com alunos do IFCE, participantes do Grupo de Pesquisa em Comicidade, Riso e Experimentos (CRISE), exercícios de composição de matrizes vocais a partir das palavras. Segundo Bergson, o risível se estabelece quando percebemos nos atos cotidianos um desvio no sentido de uma mecânica: o mecânico colado no vivo. Para que as palavras sejam risíveis, deve haver um certo desvio de suas intenções. O que é dito invariavelmente está carregado de um ou mais sentidos. O riso realizado a partir das palavras conduz a um raciocínio que é quebrado com o inusitado. Embora os significados das palavras e das frases sejam importantes para construção do efeito cômico, é buscado outras formas que fogem ao conteúdo semântico das palavras. Trabalhamos as possibilidades das estruturas do significante das palavras e das frases de gerarem significados. Nesta perspectiva é que um intenso trabalho de composição vocal se faz necessário. Há dois caminhos sobre o trabalho da voz do ator hoje em dia: o primeiro mais praticado é o domínio da oralidade natural, mais cotidiana. Outro, propagado por teóricos como Artaud, Grotowski, Eugenio Barba, trata da voz não como uma representação mimética da palavra, mais como fonte geradora de significadas, em que os elementos signos da composição vocal possam gerar a partir do próprio significantes, novos significados. A dicção e articulação são elementos que ajudam o ator em se fazer compreender e modificar sua forma de expressão vocal.

Palavras-chave: riso, comicidade, ator cômico.

 

  • Contribuições da encenadora-pedagoga Beth Lopes para a formulação de um projeto pedagógico para um ator-performativo

Fernando Marcos Rodrigues

graduado

Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade de São Paulo – USP

ator, diretor, pesquisador e professor de teatro

Resumo: O Teatro Contemporâneo apresenta características peculiares que tem influenciado e modificado a visão do ator sobre seu trabalho e os processos pedagógicos de sua formação.  A ênfase na ideia de Performatividade em oposição à ideia de representação, como aponta a importante teórica canadense Josette Féral, indica os elementos cruciais para compreendermos as novas exigências da cena contemporânea para o ator. Féral aponta como características centrais desse processo a primazia do instante presente da ação ou atividade do ator, da sobreposição do acontecimento cênico em relação à apresentação de uma ficção; a proeminência da figura do performer e de suas potencialidades corporais e imaginativas em oposição à personagem; a fragmentação e simultaneidade de narrativas como fator de implosão do enredo narrativo; a criação de signos instáveis que geram sentidos deslizantes.
Essas novas características devem ser avaliadas e absorvidas como fonte de novos estímulos para a formulação de projetos pedagógicos que procurem estar em consonância com as importantes questões que o Teatro contemporâneo tem apresentado.   O seguinte trabalho analisa a importante contribuição que a Encenadora-pedagoga Beth Lopes tem oferecido através de seu processo pedagógico que realiza junto aos alunos de interpretação do Depto. de Artes Cênicas da USP. Sua ênfase na criação de um discurso corporal autônomo em relação ao texto, da elaboração de signos e significados ambíguos e paradoxais, sua ênfase na memória do ator como fonte para a produção de cenas, coloca sua proposta claramente dentro das proposições da cena contemporânea e oferece um modelo pedagógico importante para o ator contemporâneo. Essa contribuição será analisada a partir da perspectiva de um Teatro-performativo, conceito elaborado e desenvolvido pela, já citada, Profº Josette Féral.

Palavras-chave:

 

  • O vôo sobre o oceano, de Bertolt Brecht: elementos dramáticos para uma poética da cena

Francimara Nogueira Teixeira (Fran Teixeira)
Instituto Federal de Educação e Ciência do Ceará (IFCE)

mestre

Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia – UFBA

professora, encenadora.

Resumo: Esse artigo faz parte da pesquisa que venho desenvolvendo sobre as peças didáticas de Bertolt Brecht, onde analiso princípios de encenação nesta tipologia dramática através da revisão do conceito de modelo de ação. Aqui me detenho sobre a peça O vôo sobre o oceano e os procedimentos metodológicos surgidos da atividade de apropriação e criação cênica com alunos. Os resultados cênicos foram bastante distintos, alguns grupos de alunos optaram por refazer a estrutura dramática de forma mais reduzida, outros por trabalhar os discursos do aviador e alguns ainda por um exercício mais formal, abstraindo a palavra falada e realizando imagens cênicas ancoradas nas dimensões da competição, da disputa, do jogo entre iguais. As atividades previas de leitura e discussão deram sustentação critica à apropriação e criação, já que trabalhamos amplamente as interfaces contemporâneas entre drama e teatro, performance e teatro, interpretação e re-presentação (Lehmann, Müller, Ramos, Szondi, Koudela). Os modelos de ação indicados nesse texto receberam os mais diversos tratamentos, com foco especial na decomposição do diálogo, dando ao gesto um lugar de destaque e uma responsabilidade ainda maior de condensar em si a consciência da representação. A partir dessa pratica, pudemos refletir sobre os modos de produção da cena no trabalho com as peças didáticas, pelo seu caráter formativo, sua estrutura dramática aberta e as possibilidades diversas do uso do espaço, do tempo e da própria noção de ação, quando refuncionalizados. As peças didáticas são peças abertas ao jogo, revelando que a investigação dessa potencialidade aponta para a necessidade de examinar e experimentar esses textos na perspectiva de uma poética da cena.

Palavras-chave:

 

  • Teatro e universidade em discurso

Jean Carlos Gonçalves
Universidade Federal do Paraná – UFPR

mestre

Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná  – UFPR

Diretor, Professor de Improvisação e Direção Teatral na

Graduação em Produção Cênica.

Resumo: Esse estudo, vinculado ao grupo de pesquisa Linguagem e Educação, da Universidade Federal do Paraná, tem como objetivo compreender a prática teatral no ambiente acadêmico, a partir dos enunciados dos alunos do curso de Teatro-Interpretação da Universidade Regional de Blumenau/SC, registrados nos relatórios/memoriais da disciplina Prática de Montagem III, em forma de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). O corpus de análise é constituído pela materialidade lingüística presente nos relatórios/memoriais dos anos de 2007 e 2008. Chegou-se a esse corpus ao se constatar que, mesmo que o curso exista desde 1994, somente em 2007 os trabalhos finais passam a ter as características de TCC, com banca de apresentação. Essa delimitação é justificada, pois na pesquisa qualitativa é interessante considerar a esfera social na qual os enunciados são produzidos, visto que a autoria e a enunciação perpassam necessariamente pelas condições de produção discursiva. A metodologia de análise é feita a partir dos estudos da linguagem na perspectiva do Círculo de Bakhtin. Os enunciados apontam para o ensino do teatro na universidade como uma prática dialógica, na qual os papéis de professor/aluno e diretor/ator são alternados, levando os sujeitos participantes da organização cênica a interagir em um espaço permeado pela alteridade e pela heteroglossia. Nesse ambiente, a interdisciplinaridade também é alvo de reflexão, pois permite uma discussão em torno das vozes sociais que constituem a criação de um espetáculo. Os múltiplos sentidos sinalizados ainda sugerem a investigação das forças centrípetas e centrífugas que circulam nas relações de grupo que perpassam a montagem teatral universitária.

Palavras-chave:

 

  • Autonomia do ensino de teatro: uma abordagem dialética

João Pedro Alcantara Gil
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

doutor

professor

Resumo: O presente trabalho se propõe a discutir a pesquisa “O Ensino de Teatro: Bases Teóricas e Práticas Educativas Transformadoras”, desenvolvida no Departamento de Arte Dramática, do Instituto de Artes, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul”. A partir de procedimentos metodológicos documentais, bibliográficos, como os autores da Teoria Crítica, entre eles Adorno e Horkheimer, e empíricos, se busca dialogar sobre um projeto pedagógico prático-reflexivo que possibilite a construção de um conhecimento autônomo do teatro, produto do esclarecimento e da emancipação. A investigação avança à medida que mais elementos são incorporados, como reformas curriculares e, mais recentemente, a criação do Referencial de Teatro para os Cursos de Graduação, proposta em encontro da SESU/MEC.   Pergunta-se: a autonomização do teatro levará a especialização e ao isolamento, típicos da divisão social do trabalho, ou oportunizará novos processos de criação cênica? As repercussões desta pesquisa são encontradas em diferentes campos da atividade acadêmica e nas comunidades onde estão inseridas as práticas educativas. Diante da multiplicidade da cena contemporânea, onde o teatro de rua e perfomance se legitimam nos espaços urbanos, constata-se cada vez mais que o ensino de teatro exige uma alternativa metodológica de autonomia diante do contexto da arte e da educação brasileiras.

Palavras-chave: Teatro – Educação – Arte – Pesquisa

 

  • A mestra aprendiz.

José  Batista Dal Farra Martins
Universidade de São Paulo

doutor

encenador, compositor, pesquisador e professor

Resumo: Mestre não  é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.  O mote de Guimarães Rosa sintetiza um princípio pedagógico e poético de Myrian Muniz (1931-2004), atriz, professora e diretora, mulher-de-teatro, com quem, durante vinte anos, convivi, aprendi e trabalhei, atuando em diversos papéis, no espectro das especificidades do fazer teatral: compositor, sonoplasta, professor, assistente de direção, diretor, iluminador, dramaturgo, ator. Myrian era pedagoga em tempo integral, mestra de um teatro peripatético, ou, na sua expressão, voador. Neste período, acumularam-se apontamentos, roteiros, trilhas, gravações e vídeos, que serviram de material para uma reflexão sobre princípios e procedimentos teatrais de Myrian Muniz, partindo-se da relação de aprendiz estabelecida com ela. Em 1998, a pesquisadora Maria Thereza Vargas organizou o “Giramundo – Myrian Muniz: o percurso de uma atriz” (São Paulo: Editora Hucitec Ltda.), em que, por meio de textos e depoimentos de diversos parceiros seus em diferentes épocas, se historia sua formação, num “fascinante e revelador passeio por essa trajetória humana e artística”, como afirma Fernando Peixoto, na orelha do livro. Este artigo deseja contribuir para complementar estas visões da artista, com um mergulho nas estruturas poéticas e pedagógicas para o ator, abordando-se temas como o sagrado e o profano, a arte como mercadoria e os jogos entre corpo, voz, palavra e improviso.

Palavras-chave:

 

  • O espaço público urbano como indutor de jogo

Liliane Ferreira Mundim
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO

mestre

professora

Resumo: A partir do experimento com as diferentes práticas de Jogos Teatrais na Disciplina METODOLOGIA DO ENSINO DO TEATRO II, surgiram desdobramentos que suscitaram no uso do espaço público urbano, como espaço indutor de jogo.  No decorrer do processo, ao utilizarmos o espaço do entorno da Universidade, especificamente a Praça General Tibúrcio e a Praia Vermelha (URCA – RJ)  como áreas de jogo foram sendo criadas novas propostas que nos motivaram a uma permanente discussão e investigação sobre sua multiplicidade.  Nesse sentido, os experimentos com os Jogos Teatrais foram se mesclando e se interrelacionando ao uso desse espaço, que se tornou o foco de atuação, experimentação e investigação.  A pesquisa vem sendo assim denominada: * O ESPAÇO PÚBLICO URBANO COMO INDUTOR DE JOGO…e os possíveis desdobramentos desse espaço como: •          categoria recorrente e interdisciplinar; conceito; palco e /ou espaço de platéia;  espaço real e /ou  imaginário; possibilidade de apropriação e uso; facilitador da interrelação e da interação com as diferentes coisas e pessoas que circulam pelo espaço público;provocador de intervenção, de estranhamento, de  transformação, de  ocupação, de invasão, etc;instigador de  discussão de conceitos como: arte – loucura – tensão – modificação, metamorfose a partir dos experimentos no espaço público, dentre outras questões. Esse trabalho vem sendo construído e reconstruído a cada semestre, por turmas diferentes como também registrado através de material visual e escrito.  A partir desse processo, pensamos em criar um Centro de Estudos que visa aprofundar essa investigação e promover outros diálogos inter e transdisciplinares, no sentido de ampliarmos as possibilidades do fazer do JOGO TEATRAL e suas possíveis conexões e devires.

Palavras-chave:

 

  • Pedagogia e mímesis corpórea: encontros e desencontros

Lúcia de Fátima Royes Nunes

Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

mestre

professora, atriz, diretora e palhaça

Resumo: Neste estudo pretendo expor acerca da metodologia utilizada na Disciplina de Jogo Teatral II, no primeiro semestre de 2009, no Curso de Pedagogia Diurno da Universidade Federal de Santa Maria – Santa Maria, Rio Grande do Sul.  Tendo como foco principal a área de atuação dos futuros pedagogos, os quais atuarão na Educação Infantil e nos Anos Iniciais, período esse compreendido dos zero aos nove anos, houve a possibilidade de  lançar uma proposta metodológica que abarcasse a referida área de atuação dos Acadêmicos do Curso, como também algo que abrangesse a área de Teatro-Educação. Nesse sentido registrarei os conflitos, os anseios, os questionamentos, os encontros-desencontros e um fazer coletivo que não prima pelo ensino de teatro como uma ferramenta capaz de contemplar conteúdos a serem trabalhados nas Escolas. Aqui o pretendido é justamente o pensar Teatro na Educação como esforço de um trabalho coletivo, onde a premissa está calcada nas novas possibilidades metodológicas como processo de apropriação da linguagem cênica. Como referências norteadoras do presente serão consultadas bibliografias que tem os seguintes autores: Gil (1991, 1999), Koudela (1998), Mello (1994), Nunes (2003), Spolin (1979), estes muito contribuem com a minha práxis pedagógica como Docente num Curso que não visa a formação do Licenciado em Artes Cênicas. Por fim trarei os resultados desse experimento como uma possível discussão com os meus pares acerca desse universo tão grandioso chamado Teatro-Educação, ao qual muito apraz a minha prática solitária aqui nessa Instituição de Ensino Superior.

Palavras-chave:

 

  • Teatro Documentário: a pedagogia da não ficção

Marcelo Soler
Faculdade Paulista de Artes

mestre

Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade de São Paulo – USP

diretor, dramaturgo e professor

Resumo: Diferentemente do Brasil, grupos de inúmeros países vêm se dedicando na atualidade a pesquisas em torno de uma proposta em Teatro Documentário. No começo de 2007, por exemplo, o grupo alemão Rimini Protokóll esteve no Brasil e apresentou em São Paulo, no Sesc – Avenida Paulista, o espetáculo “Chácara Paraíso”, que consistia numa “forma de instalação que mesclava o documental e o ficcional, mostrando biografias de pessoas que em algum momento de sua vida atravessaram o universo policial”  . Há mais de 10 anos o trabalho do Rimini se relaciona à investigação de práticas documentárias. Se os discursos artísticos, em alguma instância, se valem de documentos como fontes primárias no seu processo de elaboração, nem todos eles têm a intencionalidade, tanto em seus procedimentos quanto em seus objetivos, de documentar . Existe uma especificidade no fazer artístico e, conseqüentemente, na própria produção advinda dele que extrapola a mera oposição à ficção, para evidenciar a análise dos fatos vividos, experienciados, observados. Por isso, nossa reflexão pretende conceituar teoricamente que tipos de práticas recebem essa qualificação  para em seguida demonstrar como o caráter estético de uma proposta de documentário em teatro traz em si mesmo os elementos de caráter educacional. O trabalho é fruto da dissertação homônima, indicada a publicação, que contou com a orientação da Profa. Dra. Maria Lúcia Pupo.

Palavras-chave:

 

  • Uma atuação para Mistério Bufo: o processo criativo como procedimento de formação

Marcos Francisco Nery Ferreira
Mestre

Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (IA-UNESP)

Ator, acrobata e pesquisador
Resumo: Este artigo pretende analisar os procedimentos adotados para constituição de uma atuação específica solicitada no processo de criação de “Mistério Bufo”, texto original de Vladimir Maiakóvski. Este espetáculo conta com a direção de Fabio Ferreira e Cláudio Baltar, além de um elenco formado por dezesseis intérpretes com formação bastante heterogênea – atores, bailarinos e circenses – e cinco preparadores de técnicas diversas. A referida encenação, em andamento na cidade do Rio de Janeiro, é parte da pesquisa de campo que desenvolvo no mestrado intitulado: “O treinamento circense como procedimento técnico e expressivo para o trabalho corporal do ator”, sob orientação do Prof. Dr. Mário Fernando Bolognesi e co-orientação da Prof. Dra. Maria Thais Lima Santos. Como oferecer ao ator contemporâneo os meios necessários para atender as solicitações da composição do espetáculo? Como constituir um determinado vocabulário expressivo durante o processo de criação? Estas perguntas serão abordadas no artigo sob a óptica do conceito de operacionalidade, que define as técnicas do corpo no teatro: quando algum intérprete atua num determinado tipo de teatro, busca meios para adquirir desempenhos específicos. Observa-se, portanto, no próprio corpo o surgimento de técnica particular consolidando uma forte presença cênica, vinculada a uma expressividade baseada no movimento. Desta maneira, os procedimentos de trabalho adotados durante o processo criativo de “Mistério Bufo”, visam primeiro à formação de seus intérpretes para uma determinada linguagem exigida pela própria encenação. O resultado disto é uma composição baseada numa forte expressão cênica.

Palavras-chave:

 

  • Infância em cena: Fenomenologia de Merleau-Ponty, descrição, análise e criação teatral

Marina Marcondes Machado

Universidade Nove de Julho – UNINOVE

Doutor

Pós-doutoranda em Artes Cênicas – ECA -USP (Bolsista FAPESP).

Professora, Escritora

Resumo: Esta comunicação apresentará parte da pesquisa de pós-doutoramento (ECA-USP)   “Territórios do Brincar”.  Esta pesquisa insere-se na linha de pesquisa Pedagogia do Teatro e pretende criar uma dramaturgia que revele a temporalidade da criança pequena. Noções sobre a primeira infância e a criança tal como elaboradas pelo filósofo Merleau-Ponty em seus Cursos na Sorbonne revelam-se lentes fenomenológicas para olhar “cenas de rua”, observadas pela autora na primeira etapa da pesquisa. Por meio de descrições de situações relacionais entre adultos e crianças e análise a partir dos existenciais corporalidade, outridade e mundaneidade, as cenas cotidianas da cidade de São Paulo transformam-se em matéria-prima para pensar as relações adulto-criança, especialmente no que concerne a estruturas de poder e às semelhanças e diferenças entre adultos e crianças em seus modos de ver e viver o tempo. A mesma matéria-prima descritiva, já lapidada pela análise fenomenológica, é ingrediente para elaboração da dramaturgia em processo, segunda etapa da pesquisa em curso.

Palavras-chave: cotidianeidade; descrição fenomenológica; criação dramatúrgica; trabalho em processo (work in progress)

 

  • Entre arte contemporânea e processos de criação cênica na escola

Mônica Torres Bonatto

Escola Projeto – Porto Alegre/RS

mestre

professora

Resumo: O texto Percursos entre arte contemporânea e processos de criação cênica na escola é fruto de minha pesquisa de mestrado, que investigou as relações estabelecidas entre práticas cênicas desenvolvidas no ambiente escolar e procedimentos característicos da produção artística contemporânea. Elementos da minha trajetória como professora de teatro estiveram no centro vital da pesquisa, ancorada na análise do trabalho realizado junto às turmas que cursaram a quarta série do Ensino Fundamental em 2006 na Escola Projeto, uma Instituição da Rede Privada de Ensino da cidade Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O estudo se desdobrou a partir de três eventos – uma performance do artista Elcio Rossini e duas intervenções urbanas elaboradas pelas crianças – documentados através de diários de aula, vídeos e fotografias. No decorrer da pesquisa tornou-se mais forte meu interesse sobre os significados atribuídos ao trabalho pelas crianças que dele participaram. Tais impressões foram acessadas por meio de depoimentos concedidos por oito ex-alunos da Escola, em entrevistas realizadas no ano de 2008. O projeto desenvolvido na época teve entre suas principais marcas o caráter processual, a radicalização da experiência de criar coletivamente, as aproximações com elementos presentes na denominada cena pós-dramática, a preocupação com o “lugar” do espectador na cena contemporânea, o trânsito entre diferentes formas de expressão artística e a reflexão sobre o próprio processo criativo. As rotas traçadas ao longo da investigação apoiaram-se nas noções de performance e intervenção urbana, sem, no entanto, restringirem-se a elas. Ao propor uma reflexão sobre algumas questões motivadoras do trabalho, estabelecendo relações entre propostas desenvolvidas na escola e alguns conceitos presentes em investigações cênicas contemporâneas, o estudo se insere no debate sobre a presença do fazer teatral nas instituições escolares em geral.

Palavras-chave:

 

  • Estudos teatrais – os nossos antepassados – escrituras cênicas na contemporaneidade

Neide das Graças de Souza Bortolini

Universidade Federal de Ouro Preto

Mestre

Programa de Pós-Graduação em Artes – EBA/UFMG.

Professora

Resumo: Neste estudo, que busca a interface artística do teatro com a literatura, será priorizada a análise das encenações criadas nos anos de 1999 a 2009, a partir da trilogia Os nossos antepassados (1960), composta por O visconde partido ao meio (1951), O barão nas árvores (1957), e O cavaleiro inexistente (1959). O fato de o escritor propor histórias fantásticas de modo algum o afasta de uma reflexão crítica e política que se desdobra na contemporaneidade. A insistência nos variados processos de recriação dessas encenações indica a obra Os nossos antepassados, de Calvino, como inquietante possibilidade de reflexão artística na atualidade. Logo, a busca de uma poética teatral a partir de uma seleção e semiologia dos espetáculos mais representativos dessa obra pode auxiliar no esforço de compreender os processos de criação e o espectador na contemporaneidade e, quem sabe, elucidar perspectivas ao multifacetado jogo de saberes artísticos – o teatro, a literatura, as artes. O entendimento dessas encenações contemporâneas está perpassado pela sua contextualização sócio-histórica, não apenas por uma busca de definições estéticas, mas como tentativa de elucidação de sentidos para a formação de artistas/educadores que se comprometem com a transformação ou com a construção da autonomia tão necessária para a superação do egoísmo, do narcisismo e para a constituição de sociedades mais cooperativas ou construtivas. Enfim, a proposta desta pesquisa é empreender um estudo acerca do funcionamento global das encenações mais relevantes oriundas de Os nossos antepassados a partir de um olhar espectador/analista. A expectativa é que essa visada sirva à elucidação de novos projetos teatrais que levem em consideração as funções artísticas, sociais e mesmo a dimensão subjetiva da arte, enquanto possibilidade de encontrar sentidos que transcendam os objetivos da sobrevivência e que sejam transformadores da experiência vital e descortinadores da criação coletiva.

Palavras-chave:

 

  • Metodologias para o ensino de teatro – “sujeitos” contemporâneos e algumas problemáticas da interlocução professor-aluno

Paulina Maria Caon

Universidade de São Paulo

Mestre

Professora, orientadora artística

Resumo: Os processos de ensino de teatro se configuram como processos criativos que exigem tanto metodologias refletidas por seus coordenadores como engajamento de todos os envolvidos em seu percurso. Tenho observado, em diferentes contextos, a busca por metodologias que correspondam tanto a um suposto sujeito contemporâneo como, simultaneamente, a um fazer teatral da contemporaneidade. Observo isso em algumas experiências das quais tomei parte: 1) como artista-orientadora do Projeto Teatro Vocacional, atuando diretamente com grupos de diferentes regiões da cidade de São Paulo (2005–2008); 2) como orientadora artística do Projeto Ademar Guerra, estabelecendo interlocução com grupos teatrais do interior paulista (2009); 3) como professora conferencista da disciplina de “Metodologia do Ensino das Artes Cênicas” no CAC-ECA-USP (1º. semestre de 2009), acompanhando processos de estágio dos licenciandos do mesmo departamento.  Emerge regularmente nesses contextos uma dificuldade dos coordenadores (professores) na leitura do grupo de jogadores (alunos), com suas necessidades e características, e, por conseqüência, na implementação de metodologias de trabalho que, como formas/conteúdos que manifestam um modo de compreender o mundo e o fazer teatral, dialoguem de modo frutífero para todos os participantes do processo. A reflexão sobre tais dificuldades ou tensões nos processos de ensino do teatro não são privilégio dessa área, ainda assim, alguns aspectos sobre relações intergeracionais (professor-aluno), a capacidade de presença no presente do educador, assim como a dimensão dialógica e pública do fazer teatral serão a trilha para buscar uma sistematização do pensamento sobre o tema.

Palavras-chave:

 

  • A paisagem sonora em práticas teatrais na escola: voz e escuta

Raquel Guerra

Universidade Federal de Santa Maria – UFSM

Graduação

Programa de Pós-Graduação em Teatro – UDESC.

Professora

Resumo: Neste artigo proponho uma revisão de jogos e propostas para o teatro na escola que possibilitam a pesquisa da voz e do entorno sonoro no qual ela se propaga. Dentre as sugestões descritas na literatura pesquisada, saliento os jogos de rádio e a composição de atmosferas/paisagem sonora. Por meio destas abordagens é possível salientar o ato da escuta, fator necessário, a meu ver, para o desenvolvimento de pesquisas com a voz no contexto escolar.

Palavras-chave:

 

  • Subpartitura e Texto-dado: A Troca para a Inscrição do Impulso

Rejane k. Arruda

Graduação

Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas – ECA – USP

atriz pesquisadora, encenadora

Resumo: Pretendo divulgar resultados obtidos em pesquisa de mestrado realizada na Universidade de São Paulo junto ao CEPECA (Centro de Pesquisa e Experimentação Cênica do Ator), coordenado pelo Prof. Dr. Armando Sergio, do qual participam atores-pesquisadores que desenvolvem processos de criação e análise, sistematização e conceitualização da prática. Trabalhei com o texto Quarteto, de Heiner Müller, para investigar um procedimento específico para a aproriação do texto. A Memorização Através da Escrita foi introduzida no Brasil por atores da Instituition Pontedera Teatro (François Khan e Caca Carvalho) através de oficinas e trabalhos com grupos de teatro. Trata-se de repetir o registro escrito até a efetiva memorização. A vantagem é que o texto pode ser memorizado sem intenção, imagem vocal ou vínculo com qualquer outro elemento. Durante a aplicação, o ator constrói, apenas, um ritmo interno, e imagens ainda desarticuladas (repertório). Qualquer elemento pode, então, ser introduzido no jogo de enunciação do texto, digamos assim, ainda ¨virgem¨: partituras físicas, imagens vocais (¨voz de cachorro¨, por exemplo), ritmos, etc. Utilizamos partituras de imagens, jogos tradicionais e mimesis, percebendo que, em contato com estes elementos, o texto auxiliava a construção de ações. A conclusão do processo foi que poderíamos utilizar a Memorização Através da Escrita também para a fixação de uma fala própria, íntima, que implicava tanto o universo da personagem, a relação com Valmont (personagem masculino de Quarteto), quanto a minha própria relação com o processo de criação e minhas questões pessoais; uma fala me articulava ao universo ficcional e era suficientemente forte para alicerçar meu organismo, engajar meu corpo. Descobri a possibilidade de revesar as sentenças desta fala com as do texto-dado, de maneira a ¨costurá-las acústicamente¨. Por exemplo, com a repetição do registro escrito ¨Idiota¨ (interna) e ¨Valmont¨ (texto), a imagem acústica memorizada é ¨IDJIO(TAVAU)MOUM¨ (é possível perceber o elemento de ligação entre os dois). Estando os dois elementos ligados, quando o foco se concentra em ¨Idiota¨ (que alicerça o corpo para a inscrição de ações), o ¨Valmont¨ é inscrito ¨por substituição¨, implicando, então, a produção do impulso para a fala.

Palavras-chave:

 

  • O ensino do teatro na educação não-formal: contribuições para a formação inicial do Professor de Teatro

Ricardo Carvalho de Figueiredo
Universidade Federal de Minas Gerais

Mestre

professor

Resumo: Tendo em vista as proposições contemporâneas para a criação teatral que buscam problematizar/modificar as relações dos coletivos, da linguagem e da formação do artista cênico, trazemos como questão a formação inicial do Professor de Teatro dada no convívio com experiências significativas do ensino teatral na educação não-formal. Para tanto, iniciamos um diálogo com professores-artistas das seguintes Instituições: Atelier de Artes Integradas (Itabirito/MG) e Associação Crepúsculo (Belo Horizonte/MG). O Atelier de Artes Integradas é um Projeto da Prefeitura Municipal de Itabirito que mantém oficinas (para crianças, adolescentes e adultos – iniciantes e de aprofundamento) especializas em Teatro com professores-artistas que desenvolvem a linguagem teatral, propondo também a apreciação de peças levadas à comunidade local, trazendo grande impacto à pequena cidade mineira, desde o ano de 2004.  A Associação Crepúsculo é uma ONG de Educação Inclusiva e mantém um grupo teatral composto por adolescentes portadores de Sindrome de Down, coordenados por um Professor de Teatro/bacharel em Direção Teatral. Assim, professores de Teatro dessas duas Instituições realizaram palestras para nossos alunos de graduação em Teatro da UFMG, expondo o modo como tem se dado o ensino teatral em suas respectivas localidades, buscando tecer reflexões sobre o trabalho do artista-docente, conjugando sua prática artística com sua prática pedagógica e trazendo subsídios para um alargamento das propostas para o ensino do teatro na educação regular. A partir dessas questões temos refletido sobre a importância do ensino especializado em teatro que se dá na educação não-formal e como podemos nos apropriar de elementos metodológicos realizados nesses projetos. Pretendemos, dessa forma, contribuir para uma educação teatral na escola formal que esteja em sintonia com práticas contemporâneas de criação e permita ao professor desenvolver seus projetos artísticos também na escola.

Palavras-chave:

 

  • Ensaio para um mergulho lúdico na comicidade

Rosimeire Gonçalves Santos
Universidade Federal de Uberlândia

Mestre

Professora

Resumo: Esboço inicial dos caminhos do projeto de pesquisa docente “Matrizes lúdicas do cômico”, apresentado ao curso de Teatro da UFU, no primeiro período de 2009. A pesquisa tem como primeiro traço o estudo teórico e prático da improvisação teatral baseada nos princípios dos theater games (SPOLIN, 1977) e do jeu dramatique (PUPO, 1995; RYNGAERT, 1977; RYNGAERT, 2009), visando à apropriação cômica da ludicidade dessas práticas teatrais para fundamentar a criação de gags.  O objeto de estudo se subdivide entre o ponto anterior e a análise de gags de grandes atores de teatro e cinema, especialmente do cinema mudo. O objetivo dessa unidade é observar os recursos cômicos mobilizados por eles, aliar esse estudo à improvisação com jogos, criar repertório próprio dos estudantes e impulsionar seus trabalhos de interpretação cômica. As bases teóricas para esse momento da pesquisa são, além da teoria dos jogos já citada, os ensaios de Henri Bergson sobre o cômico (BERGSON, 2007), o de Pirandello sobre o humorismo (GUINSBURG, 1999), o “Manual Mínimo do Ator”, de Dario Fo (FO, 2004),  e o livro publicado por Neide Veneziano a respeito desse cômico italiano: “A Cena de Dario Fo”. (VENEZIANO, 2002). A pergunta atual é se propostas de jogos teatrais ou de jogos dramáticos na linha francesa poderiam servir como ferramentas para o jogo cômico. Um desdobramento provável dessa questão é buscar identificar no jogo cômico de atores consagrados, características do trabalho de ator que se aproximem dessas práticas de jogos e treiná-las no contexto da preparação de jovens atores.

Palavras-chave:

 

  • Experiências coletivas de criação teatral na sala de aula

Vera Lúcia Bertoni dos Santos (UFRGS)

Vera Lúcia Bertoni dos Santos

Programa de Pós-Graduação em Arte Cênicas e Departamento de Arte Dramática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Doutor

professora; pesquisadora; atriz

Co-autoria: Leonardo Costa Dias (Bolsista PROPESQ/UFRGS);
Patrícia Cristina Schlichting (Bolsista FAPERGS)

Resumo: O trabalho apresenta resultados de uma pesquisa desenvolvida com a colaboração de alunos do Curso de Licenciatura em Teatro da UFRGS, no âmbito da Iniciação Científica, na condição de professores-pesquisadores, responsáveis por planejar, propor e avaliar um Laboratório de Teatro oferecido em caráter extra-classe a um grupo de jovens estudantes da 2ª Série do Ensino Médio de uma escola da Rede Pública Estadual de Porto Alegre. O objetivo geral do trabalho investigativo é explorar múltiplas facetas do processo de elaboração teatral, evidenciando as condições interacionista e relacional das práticas de sala de aula. No Laboratório realizam-se experiências de criação coletiva, que geram uma gama diversificada de dados (planos de aula, registros, fotos, vídeos e depoimentos), permitindo o detalhamento do seu transcurso, o que vem a constituir a base empírica à problematização do processo de conhecimento em teatro. A reflexão sobre os dados, na perspectiva de autores relacionados à “pedagogia do teatro” e sob intervenção de estudos da epistemologia e da neurobiologia, conduz à teorização do processo criativo dos sujeitos envolvidos, oportunizando ampliação do debate em torno da epistemologia do ato teatral. Nesse sentido, destacam-se dois enfoques concorrentes à elucidação do problema da pesquisa, tais sejam: a “visualização do processo de construção do conhecimento em teatro como um todo, que integra práticas e reflexões relativas à avaliação, à apreciação e à experiência, evidenciando a relação de complementaridade entre esses aspectos da aprendizagem em teatro”; e a compreensão do “caráter inerentemente coletivo do fazer teatral”, com destaque para o “papel do professor no favorecimento da socialização e da liberdade de expressão no processo de aprendizagem”.

Palavras-chave:

 

  • Jogos do Olhar – alternativas pedagógicas para a criação da cena contemporânea

Verônica Gonçalves Veloso

Universidade de Sorocaba e Escola de Atores do TUCA.

Graduação

Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas – ECA/USP

professora e encenadora

Resumo: O presente artigo apresentará a pesquisa intitulada “Jogos do Olhar – procedimentos cinematográficos para a composição da cena teatral”, na qual teoria e prática artística alimentaram-se mutuamente. Além de referir-se a criação artística contemporânea, esse estudo pode ser apresentado como uma alternativa metodológica na pesquisa acadêmica sobre processos coletivos. Alguns procedimentos do cinema foram selecionados como recursos para resolver certos impasses da cena teatral contemporânea, tais como: a cena fora do espaço tradicional, o corpo como figura e não como personagem e o texto como materialidade. No teatro referido há a preponderância da imagem sobre o texto. Portanto, o modo de observar o cinema procurou ressaltar um possível intercâmbio entre duas escritas do visível: o teatro e o cinema. Os procedimentos cinematográficos foram observados em alguns exemplares do Cinema Brasileiro Moderno. Essa investigação resultou em uma Coleção de Jogos organizada com o intuito de prover professores, encenadores e interessados em geral de recursos para a composição de cenas condizentes com as inquietações presentes no teatro contemporâneo. Todos os jogos selecionados serviram de mote para as cenas de “ISAURA S/A + 1 Experimento Hidráulico”, investigação prática na qual se buscou entrelaçar processos de criação e educação. Essa encenação foi elaborada com a colaboração do Coletivo – Jogos do Olhar, agrupamento de artistas dedicados ao estudo das relações existentes entre o teatro e o cinema. “Jogos do Olhar” aponta para a apropriação da linguagem cinematográfica como uma contribuição para as operações presentes na teatralidade pós-cinema.

Palavras-chave:

 

  • Elementos para uma possível relação entre pedagogia do teatro e processos colaborativos de criação teatral.

Vicente Concilio

Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

Mestre

Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas – ECA/USP

Professor, ator

Resumo: A presente comunicação pretende esboçar possíveis eixos estruturantes para uma abordagem da relação existente  entre  processos de criação teatral contemporâneos que se propõem colaborativos e a pedagogia do teatro. O modelo de criação teatral colaborativo é compreendido aqui a partir das reflexões de Araújo (2008). Trata-se de uma cena que não nasce a partir de um texto pré-definido, uma vez que o dramaturgo participa do processo de criação junto aos atores e diretor. Os artistas partem de um tema de pesquisa e, através da condução do diretor e da colaboração artística dos demais integrantes, emerge uma criação cênica que relativiza a noção de autoria e oferece a todos os criadores a possibilidade de participar das diversas instâncias da criação. A idéia da criação colaborativa, ou seja, um processo estruturado no qual as trocas de referência e de saberes estão constantemente sendo estabelecidas pelo coletivo de artistas criadores, já exibe características que a entrelaçam a um pensamento pedagógico de viés construtivista e ligado a uma concepção que dialoga com a gestão democrática do conhecimento. Dessa forma, é possível estabelecer conexões entre as características dos processos colaborativos e a pedagogia de projetos, proposta metodológica de ensino-aprendizagem cuja maior referência são as reflexões construídas pelo professor Fernando Hérnandez, da Universidade de Belas Artes de Barcelona. Na pedagogia de projetos, a construção de conhecimento se dá a partir de perguntas elaboradas pelo grupo de estudantes, que passam a desenvolver sua pesquisa em busca de respostas à questão geradora da pesquisa. Dentro desta perspectiva, o educando constrói seu próprio percurso de construção de conhecimento, em um processo oriundo de curiosidade genuína e que consolida uma pedagogia que lança perguntas, ao invés de impor pontos de vista e professar respostas.  Assim como a pedagogia de projetos propõe uma metodologia na qual uma pergunta gera respostas construídas na busca dos estudantes, entendemos que um processo colaborativo é também um projeto construído por um grupo de artistas que também se aventuram a responder, de forma cênica, a perguntas que estimulam sua pesquisa artística. Nossa questão central aqui é entender, ao analisar o modelo colaborativo de criação, de que forma a pedagogia do teatro pode se aproximar de políticas de criação da cena teatral pertinentes às artes cênicas hoje.

Palavras-chave:

 

  • Fluidez e alteridade

Vilma Campos

Universidade Federal de Uberlândia

Mestre

Programa de Pós-Graduação em História da UFU

professora, atriz e diretora de espetáculos

Resumo: Por situações de vida e também por uma percepção de que a feitura de uma pesquisa de Teatro em outra área de conhecimento poderia render em experiência relevante, iniciei o meu doutorado na linha de pesquisa História e Cultura. Nesse campo, o historiador de ofício e o pesquisador acadêmico entendem a história como uma trama, como uma interpretação possível, como uma narrativa significativa entre tantas outras. Está em jogo não “a verdade”, mas talvez um “significado” que se configura em uma dentre as verdades. Também para a investigação de um pesquisador teatral, ou na criação coletiva e individual de um artista cênico está em jogo não o absoluto ou universal, mas o plausível para aqueles sujeitos. Estão mediados (não determinados) por aquelas condições e combinações. Mas como conciliar configurações específicas com aspectos éticos e políticos dos artistas e pesquisadores enquanto seres sociais inseridos numa genealogia de sua área do saber? Esta questão tem se revelado como um desdobramento na pesquisa de doutorado e se materializa a partir da realização das entrevistas na Escola Livre de Teatro (ELT) de Santo André. Os grupos de estudantes de teatro e os profissionais que vêm atuando neste organismo (ELT) olham para as experiências vividas trazendo à tona olhares que dizem respeito a uma experiência peculiar localizada num determinado lugar e tempo, como foco de análise. Mas também enunciam aspectos que extrapolam essas experiências e ao mesmo tempo coladas a elas. Problemáticas dessa ou de outra natureza podem ser acolhidas quando há diálogo entre as disciplinas. Esta proposição pretende refletir sobre a interferência, a contaminação e a flexibilização das fronteiras para novos contornos, como uma das formas de nomear o que se entende por alteridade.

Palavras-chave:

 

  • O desenvolvimento das habilidades perceptivo-auditivas para a apropriação das potencialidades vocais na criação cênica

Virgínia Lemes
mestre

Resumo: Trata-se de recortes da pesquisa de mestrado desenvolvida na Escola de Belas Artes da UFMG, sob orientação do Prof. Ernani Maletta. Esse trabalho teve como foco a utilização de princípios teóricos e práticos da Fonoaudiologia a serviço da criação cênica, em especial o desenvolvimento das habilidades perceptivas auditivas e a utilização dos recursos da psicodinâmica vocal no processo de criação teatral. A partir do reconhecimento das principais dificuldades encontradas pelos atores na utilização efetiva de suas diversas possibilidades vocais, pretendeu-se analisar como o desenvolvimento de habilidades perceptivas auditivas e da capacidade de audio-visualização do fenômeno vocal e de suas características sonoras, associado à percepção tátil cinestésica e muscular de determinadas habilidades vocais podem contribuir para que o ator se aproprie das potencialidades vocais a favor da criação cênica. Assim, através da sonoridade da voz, o ator constrói imagens e estimula o imaginário do espectador pela via auditiva.  A possibilidade de manejo no uso dos parâmetros da voz possibilita a visualização e a percepção de uma série de características internas e externas onde o ouvinte constrói em sua mente imagens de acordo com o padrão vocal resultante. A partir dessa constatação, a sonoridade da voz passa a ser utilizada como ferramenta no processo de criativo. Foram então investigadas ferramentas do campo da Fonoaudiologia que poderiam ser utilizadas como estratégias para esse fim, apresentadas como resultado da pesquisa.

Palavras-Chave: ator – voz – psicodinâmica vocal – ação vocal – treinamento perceptivo-auditivo.

 

  • Quando o teatro é significativo para os adolescentes?

Wellington Menegaz de Paula

Secretaria Municipal de Educação – Uberlândia/MG

Graduação

Programa de Pós-Graduação em Teatro – UDESC

Ator e professor de teatro.

Resumo: O trabalho de teatro com adolescentes deve apenas se ater ao conhecimento de questões estéticas ou ir além, formando cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres? Com base em fundamentação teórica sobre o teatro feito em contextos comunitários, analisarei uma experiência que aconteceu com vinte adolescentes que faziam parte de um projeto de teatro desenvolvido no contra-turno da E. M. Dr. Gladsen Guerra de Rezende, localizada no bairro Jardim Canaã, comunidade periférica da cidade de Uberlândia, com altos índices de violência, tráfico de drogas e exclusão social. No período analisado, de 2005 a 2007, desenvolvi juntamente com esses jovens uma pesquisa teatral que dialogou com os problemas vividos por aquela comunidade. Nesse artigo, irei analisar um dos processos de ensino aprendizagem, que aconteceu no ano de 2007, baseado na criação coletiva de temas surgidos da realidade dos jovens do bairro Canaã. Essa experiência pedagógica baseada num processo de criação coletiva começou através da constatação de que esses adolescentes queriam falar de sua realidade através do teatro, então propiciei um espaço onde eles pudessem trazer suas histórias e de sua comunidade, logo em seguida exploramos essas narrativas através de jogos e improvisações, a partir de então houve a definição de dois temas, que foram o tráfico de drogas e a descoberta da sexualidade, além dos argumentos e criação dos personagens e suas respectivas funções, até se chegar ao resultado final, onde o coletivo, alunos e educador, criaram um teatro comprometido com as questões sociais daquela comunidade.

Palavras-chave: