GT Pesquisa em Dança no Brasil  – Anais da V Reunião Científica

 
  • Alternativas Metodológicas Da Investigação Acadêmica Sobre Processos Coletivos Em Dança: O Caso De Uma Pesquisa-Ação Em Escolas De Viçosa, MG

Alba Pedreira Vieira (coordenadora)

Kátia Vitalino Marcos (Bolsista PIBIC/CNPq)

Ananda Assis (pesquisadora colaboradora)

Maristela M. S. Lima (pesquisadora colaboradora)

Universidade Federal de Viçosa

Resumo: Esta pesquisa-ação crítico-colaborativa focou na educação para as artes – estética e fruição da dança; foi realizada em oito turmas de seis escolas públicas de ensino básico de Viçosa-MG. O trabalho de campo incluiu a fruição e usufruição de dança e envolveu estratégias metodológicas diversificadas: aulas semanais teórico-práticas de gêneros diversificados, e fruição de vídeos, apresentações e espetáculos ao vivo de diversos estilos. Foram observadas aulas práticas dos alunos do Curso de Graduação em Dança da Universidade Federal de Viçosa/UFV e, finalmente, vários participantes se envolveram em processos criativos de improvisação e composição coreográfica que resultaram na produção e apresentação destes alunos como bailarinos em três espetáculos nos teatros da UFV e uma apresentação em praça pública.  Questionários iniciais e finais coletaram dados sobre o saber apreciativo e estético dos participantes.  A análise de dados se orientou pela abordagem quanti-qualitativa e interpretação hermenêutica. Os resultados indicaram que dentre os alunos: (1) 85% consideraram as aulas que tiveram como de dança, reconhecendo a riqueza desta linguagem e suas várias modalidades, não se restringindo às danças midiáticas que geralmente conhecem – principalmente Balé e Hip-Hop; (2) 53% responderam que o projeto mudou sua visão de dança, indicando a importância de se desenvolver propostas que foquem na educação para a dança na escola; (3) 38% perceberam que sua visão sobre apresentações de dança foi modificada, o que a princípio parece contradizer o resultado anterior. Porém, deve-se considerar que a educação estética é um processo que demanda longo tempo – o que foi um limitador deste estudo, que foi desenvolvido por quatro meses em cada escola.  Os resultados permitem concluir que através de metodologias artístico-investigativas diversificadas e duradouras de fruição e usufruição, pode-se ampliar a sensibilização estética para apreciação em dança. (Apoio financeiro: FAPEMIG e CNPq).

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  • Gestão como estratégia na formação de grupos artisticos

Aldo Valentim – IA – UNICAMP

Resumo: O presente artigo discorrerá sobre a importância da gestão como ferramenta estratégica no processo de formação e solidificação de grupos artísticos. Na contextualização desse artigo é importante saber que em nossa análise um grupo artístico é uma empresa cultural fornecedora de serviços e produtos artísticos e percorre vários processos administrativos visando alcançar o seu objetivo até o momento em que disponibiliza o bem cultural ao público. Esses processos são conduzidos dentro de parâmetros pré-definidos pela gestão. A gestão é um conjunto de tarefas que devem ser realizadas de forma eficaz, utilizando satisfatóriamente os recursos do grupo a fim de atingir os objetivos pré-determinados. Faz parte da gestão a tomada de decisão, a otimização de recursos, a utilização da informação, o atendimento das demandas internas do grupo no cumprimento dos objetivos e a satisfação do público final, objetivo de sua existência. A gestão de um grupo será, portanto, idêntica a de uma empresa, respeitando-se as especificidades do produto e/ou serviço que oferece, nesse caso um bem artístico/ espetáculo, o mercado em que atua e o público para o qual está direcionado.Utilizando referencias bibliográficas específicas do campo da administração, da política cultura e das artes, bem como exemplos de gestão adotados por grupos artísticos, o artigo retratará como a gestão pode se transformar em uma importante ferramenta para a solidificação na criação e solidificação de grupos artísticos, se tornando uma aliada do potencial criativo do grupo na consolidação de sua trajetória.

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  • Manifestações da cultura no corpo através do eixo Inventário no Corpo do BPI

Ana Carolina Lopes Melchert

Resumo: O projeto de doutorado “Incidências e modos de ocorrência da manifestação da cultura no corpo através do desenvolvimento do eixo Inventário no Corpo do Método BPI (Bailarino-Pesquisador-Intérprete)” vem aprofundando o eixo Inventário no Corpo, através de sua aplicação a um grupo de alunos universitários da Unicamp, com o intuito de verificar o grau de incidência e o modo de ocorrência dos seguintes itens: a rejeição à cultura brasileira, a manifestação desta cultura no corpo, a descoberta da “cultura velada” e a descoberta dos “gestos vitais”.Esta é  uma pesquisa qualitativa (análise de conteúdo), na qual utilizaremos a Estrutura do Fenômeno Situado para analisar os questionários aplicados e para os trabalhos corporais utilizaremos a Análise de Conteúdo, dialogando com uma Análise de Expressão, a partir da Estrutura-Física do BPI. No Eixo Inventário no Corpo desenvolve-se a Estrutura-Física do BPI, o contato com as sensações e percepções, o exercício do referencial interno e inúmeras atividades para a busca de dados sobre a história cultural e social, com o intuito de auxiliar o bailarino no desenvolvimento do inventário em seu corpo. As questões culturais presentes nas dinâmicas de trabalho afloram um movimento de identificação ou de estranhamento. Estes movimentos são trabalhados como investigações pessoais. A pesquisa realizada começa a revelar-lhes dados desconhecidos da sua “cultura velada”. O desenvolvimento do processo faz com que os bailarinos tenham maiores contatos consigo mesmos e comecem a descobrir os seus “gestos vitais”. No eixo Inventário do Corpo, se lida com as verdades do corpo, com sua “cultura velada” e com a “realidade gestual” do bailarino, o que proporciona a este questionar a dança no próprio corpo, realizar uma mudança de referencial e adquirir uma resposta mais consciente de sua dança.

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  • Mapeamento da aprendizagem de movimentos expressivos na dança clássica a partir da mesclagem conceitual

Ana Cristina C. Pereira – UFMG

Palavras-chave: Mesclagem Conceitual, ensino-aprendizagem, movimentos expressivos, dança clássica.

Resumo: Na compreensão dos processos de aprendizagem da dança é crescente a importância do estudo da linguagem oral dos professores, utilizada como um dos meios para desenvolver nos alunos a capacidade de percepção do próprio corpo e os princípios gerais do movimento expressivo de dança em sua formação artística. Surge estão a necessidade de maior entendimento dos processos de internalização durante a aprendizagem, mediada por aspectos simbólicos da linguagem do professor, como analogias e metáforas. Apresenta-se aqui, como uma alternativa metodológica, os pressupostos da Teoria da Mesclagem Conceitual (Fauconnier e Turner, 1998) que compreende os fenômenos da metáfora e analogia como um subconjunto do campo dos fenômenos de integração conceitual, buscando investigar especificidades desse processo. Os dados coletados, que consistiam em desenhos de 173 alunos de 03 escolas de dança clássica interpretando expressões orais analógico-metafóricas utilizadas por seus professores, foram analisados através de diagramas focados no exame do surgimento e da elaboração de mesclas, identificando o papel dessas expressões como recurso de mediação cognitiva, particularmente em movimentos expressivos. Foi possível identificar o papel da mesclagem na elaboração de conceitos específicos, relacionados aos movimentos de dança clássica, destacando-se os de intenção e expressividade artística associados aos estímulos metafóricos, e os de forma, sentido e qualidade do movimento associados aos estímulos analógicos. Estes resultados corroboram a pertinência do uso da Mesclagem Conceitual como uma alternativa metodológica para pesquisas que buscam compreender e favorecer o processo de ensino-aprendizagem de conhecimentos técnicos e artísticos na formação do bailarino.

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  • Dançar e criar a dança: o instrumento e a arte

Arnaldo Leite de Alvarenga

UFMG

Resumo: Este artigo procura levantar questões sobre a criação/recepção da dança contemporânea no Brasil, onde o fenômeno da presença de criadores-interpretes – no que resulta uma intensa personalização da dança – cresce continuamente. Esses dançarinos, por vezes prescindem das técnicas tradicionais de formação de profissionais de dança (balé, dança moderna, jazz, danças sociais etc…), mas sobem nos palcos e dançam. Em geral, são pessoas que desenvolvem trabalhos corporais, os mais diversificados, que vão desde as artes marciais, técnicas circenses, método de educação somática, parcour, capoeira entre outras, cuja fusão resulta ora em hibridismos, ora em justaposições de seus elementos de base.  A então chamada, dança contemporânea passou a abarcar uma variedade de esforços que tem trazido, aos que a ela se dedicam, algumas preocupações em virtude das dificuldades que a mesma vem encontrando na relação com seu público.  E tal preocupação procede, uma vez que há um público interessado em ver espetáculos de dança e que parece não encontrar neles uma esperada satisfação no que concerne à capacidade de comunicação dos mesmos. Soma-se a isso o fato de que essas criações são, em sua maioria, financiados por leis de incentivo, ou seja, verbas públicas e da iniciativa privada, que assim se vêm investindo em produções que resultam num esvaziamento das platéias. Surgem então muitas perguntas que poderiam ser feitas diante de tal situação: Por  que essas criações encontram dificuldades de comunicação com o público? Esse problema está nas criações? Esta nos seus criadores? Esse é um problema que está nas platéias de dança? O que essas criações produzem naqueles que as assistem? Ou, por outro lado, os motivos que inspiram seus criadores interessam ao público? Ao se levar em conta essa intensa personalização da atual produção da dança contemporânea, detecta-se também um crescimento paralelo do número de coreógrafos. Por um lado é essencial que neófitos se interessem por essa arte, onde poucos se destacam, mas tal esforço não garante necessariamente a eficácia do resultado em termos dos elementos fundamentais de organização de uma coreografia, da elaboração dos temas propostos, dos recursos disponíveis para a produção e da necessária dose da complicada expressão “talento”. Enfim, nessa situação onde está o nó da relação entre criação e recepção?

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  • Processos Criativos em Dança: O Barroco Mineiro e a pesquisa de campo, traduções em movimento

Carolina Romano de Andrade

Mestre em Artes-Universidade Estadual de Campinas

Prof.Coord. Pós Graduação Dança Educação Faculdades Integradas de Bauru

Prof .Universidade Sagrado Coração Bauru

Resumo: A presente pesquisa baseou-se no legado de François Delsarte, para estudar analiticamente e procurar entender a dramaticidade e expressividade do gestual humano nas pinturas barrocas de igrejas de Ouro Preto-MG. Analisamos o forro da Igreja Nossa Senhora da Conceição, pintado por Lourenço Petriza(1833). Para a análise proposta utilizamos as leis que regem o uso do corpo humano, como meio de expressão, legadas por François Delsarte, a fim de compreender e trazer para o corpo a carga emocional presente nas obras. Elaboramos uma composição cênica que procurou sintetizar corporalmente a poesia visual que vivemos nesta pesquisa, que examinou e agregou elementos pictóricos, pesquisa de campo e a subjetividade artística como inspiração fundamental. Os caminhos utilizados no processo criativo se deram pelas relações entre a pesquisa teórica e a pesquisa artística, esta última embasada nas vivências do campo e na pesquisa de movimento. Criar, “tomar corpo”, organizar, coreografar, roteirizar, foram apenas alguns dos fatores que compuseram a prática, na qual procuramos unir a pesquisa científica com a subjetividade da criação artística. Ou seja, procuramos criar uma referência que caminha lado a lado com poética e o escopo da pesquisa. Esta criação, não teve a preocupação de representar uma realidade estética determinada, nos distanciando de uma reprodução realista e mimética. Porém se vincula à pesquisa a partir do momento que traduz uma visão dos fatos observados na pesquisa de campo e sintetiza as emoções vividas em campo.Concluímos essa etapa onde pudemos re-viver, re-criar e elaborar em forma de movimento as emoções apreendidas na pesquisa de campo e durante todo o processo criativo.

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  • Possíveis Caminhos para a Pesquisa em Dança sob Enfoque Histórico Crítico

Eliana Rodrigues Silva

Resumo: Marc Bloch, na introdução do seu livro Apologia da História ou O Ofício do Historiador coloca a pergunta que uma criança faz a seu pai historiador: Para que serve a história? Ao longo de todo o livro ele responde essa questão, apontando aspectos importantes sobre o valor do registro, o cuidado com documentos e testemunhos, sobretudo a compreensão (e não o julgamento) do fato histórico para se contextualizar o presente. O historiador deve transformar o fato histórico em reflexão e não apenas ater-se à sua documentação. Como diz Bloch, “o problema epistemológico da história, não é apenas um problema intelectual e científico, mas também um problema moral e porque não cívico”. Existe ai a profunda responsabilidade do historiador de prestar contas do seu trabalho, de esclarecer o fato, de criar relações com o presente.  A história pode ser muito sedutora, posto que seja ali que vemos o espetáculo das atividades humanas, como diz Bloch “graças ao distanciamento, no tempo e no espaço, seu desdobramento se orna das sutis seduções do estranho.” Nesse sentido, o cuidado não está apenas na maneira correta de interrogar os documentos coletados, mas também no lidar com os testemunhos. Toda história que envolve pessoas envolve também contradições. A memória funciona como uma ilha de edição que depende das referências de cada um, e até uma mesma pessoa pode modificar a informação a cada momento. Esse ensaio propõe observar alguns caminhos possíveis para tratar da dança em estudos de cunho histórico e crítico, observando algumas pesquisas desse teor realizadas em programas de pós-graduação.

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  • As Paisagens do Corpo revelam Imagens da Existência

Graziela Rodrigues

Resumo: As construções de imagens a partir de memórias do corpo estão no cerne do método BPI (Bailarino-Pesquisador-Intérprete). Durante todo o processo o intérprete lida com as suas imagens internas. O circuito de emoções, sensações, movimentos e imagens são provenientes das paisagens que no método BPI significam espaços onde se desenvolvem experiências de vida que se instauram no corpo. Na prática cotidiana com o método fez-se necessário uma compreensão de conceitos da psicanálise tais como identificação, projeção, introjeção, assimilação e incorporação assim como as relações de objeto e o conceito de fantasia de Melaine Klein. Os estudos de imagem corporal desenvolvidos por Paul Schilder seguidos de Fischer, Tavares e outros propiciaram uma efetiva compreensão do processo de criação adotado pelo BPI assim como oportunizou uma evolução do mesmo.

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  • Processos de criação em dança: refletindo sobre trajetos de pesquisa

Larissa Kelly de Oliveira Marques Tibúrcio

DEART/PPGArC/ UFRN

Resumo:O estudo traz uma discussão em torno de possíveis trajetos de pesquisa que podem ser percorridos para a composição de repertórios coreográficos que tem como proposta estética o universo das danças populares. Trata-se de um recorte de uma pesquisa concluída em 2008 acerca do investigar de um processo de criação em dança. Partimos da proposição desenvolvida no ano de 2007 e 2008, referente à construção do espetáculo “Debaixo do barro do chão”, estreado pelo Grupo Parafolclórico da UFRN no segundo semestre de 2008. O Grupo Parafolclórico é um projeto de extensão universitária que existe há dezoito anos, sendo desenvolvido pelo Departamento de Educação Física desta instituição. A proposta do Grupo está focada na projeção artística das danças populares. Estas são aqui entendidas como manifestações culturais dinâmicas, que se renovam e se ressignificam de acordo com os diferentes contextos em que são vivenciadas. Desse modo, o texto pretende apresentar um roteiro com sugestões de fontes de pesquisa a serem utilizadas num processo de criação em dança popular; destacando as experiências estéticas vivenciadas pelas próprias coreógrafas em torno do ciclo junino, como propulsoras da criação dessa obra artística. Nesse sentido, adotamos a fenomenologia referenciada nos estudos de Merleau-Ponty como percurso metodológico para pensarmos esse processo de criação.

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  • O pesquisador das práticas espetaculares da dança: Aventura ou ousadia

Lúcia Fernandes Lobato

Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas/ UFBa

Palavras-chaves: pesquisador/dança/processos coletivos

Resumo: A comunicação aborda algumas ousadias metodológicas que nortearam os atuais pesquisadores das práticas espetaculares em dança. São apresentadas questões desse novo campo de investigação como: transdisciplinaridade, relativização dos grandes sistemas explicativos, priorização das conexões, o entrelaçamento de todos os elementos que constituem um fenômeno social particular e as articulação de saberes locais que  situam o fato singular. Ressalta a importância da reconciliação das ciências nestes processos indicando que a sociologia contemporânea, a antropologia cultural, a história oral e a micro história têm sido um campo fértil para o pesquisador dos processos coletivos espetaculares da dança.Busca delinear um perfil deste pesquisador apontando características recorrentes nas recentes investigações tais como: capacidade de imersão nas relações humanas da comunidade em questão, atitude de abertura para a diferença, o exercício da alteridade, o risco e a experiência do estranhamento. Considera que o investigador das danças etnocenológicas trabalha com testemunhos atuantes carregados de representações simbólicas, arquivos culturais e diferentes cosmovisões de um complexo cruzamento de histórias. Por essas razões ousa nomeá-lo um pesquisador encarnado.Outro aspecto peculiar é reconhecer o caráter perturbador da presença deste pesquisador como um fato gerador de uma nova situação no grupo. Por conta disso, alerta ser fundamental ele compreender as motivações extra-cientificas que o levaram e o qualificaram enquanto observador. Nesta reflexão a autora se fundamenta principalmente em François Laplantine, Michel Maffesoli e Leda Maria Martins.

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  • Visão de corpo Matrix nas criações coreográficas

Luciane Coccaro

UFRJ

Palavras-chave: criação artística, representações de corpo, dança contemporânea

Resumo:O presente estudo tem como foco as criações artísticas na cena contemporânea. O tema dessa pesquisa é a criação coreográfica numa abordagem antropológica. Para investigar a criação, e as representações de corpo na dança contemporânea, é fundamental perceber os padrões de corpo ideal valorizados em nossa sociedade. Essas visões hegemônicas de corpo nos colocam numa Matrix2 de culto ao corpo e parecem ter se transformado na regra social atual. Como artistas da dança3 se relacionam com essa visão de corpo da Matrix? Quais as implicações desses discursos hegemônicos na visão e nas práticas junto ao universo de pesquisa – os artistas da dança do curso de Bacharelado em Dança da UFRJ. Trata-se de uma pesquisa Qualitativa de método etnográfico. A pesquisa de campo utilizará as seguintes técnicas de pesquisa: entrevistas semi-estruturadas, grupos focais e observação participante junto ao universo de pesquisa, na intenção de compreender o que envolve a escolha profissional na dança.

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  • Cursos superiores e cursos livres de dança: relações e influências – um estudo de caso no estado de São Paulo, Márcia Strazzacappa/Unicamp

Márcia Strazzacappa

Resumo: O presente texto apresenta alguns dos resultados da pesquisa Profissão: professor artista da dança, desenvolvida pela autora com bolsa do CNPq. O recorte aqui exposto diz respeito à relação entre os cursos superiores e as escolas livres de dança. A pergunta que conduziu a investigação partiu da constatação de que a educação não-formal, (escolas livres de dança) é o lócus de formação da maior parte dos artistas da dança, apesar do aumento das graduações em dança no Brasil. Foi realizado um estudo de caso, por meio da análise de um curso superior de dança e sua relação com os cursos livres do município onde a universidade se situa. A Unicamp foi selecionada por ser a primeira universidade no estado de São Paulo a oferecer um curso superior de dança, com 20 anos de existência e localizada em um município com um milhão de habitantes. A pergunta condutora da investigação foi: Qual o impacto do curso superior de dança para o ensino e para a produção cênica de dança no município? A pesquisa foi desenvolvida por meio de entrevistas semi-estruturadas realizadas junto aos diretores e/ou proprietários das escolas livres de dança do município de Campinas. Foram selecionadas escolas com mais de 15 anos de existência no mercado e com mais de 150 alunos matriculados, segundo dados do Censo Cultural realizado pela Secretaria Municipal de Cultura de Campinas (2004).  Essa etapa da pesquisa contou com a participação de uma bolsista de iniciação científica, Teka Moran, que realizou as entrevistas. Os estabelecimentos/sujeitos da pesquisa foram: Ballet Juliana Omati, Conservatório Carlos Gomes, Olmos Ballet, Academia de Ballet Lina Penteado, Academia de Ballet Iris Ativa Dança e Ballet & Cia.

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  • O En (tre) lugar da Dança Contemporânea na Bahia e no Recife: A pesquisa sobre as re-elaborações estéticas coreográficas do Balé Folclórico da Bahia e do Grupo Grial de Dança.

Maria de Lurdes Barros da Paixão – Lupaixão

Universidade Estadual de Santa Cruz UESC-BA

Resumo: Este artigo apresenta resultados da tese de Doutorado em Artes defendida em fevereiro de 2009 na Universidade de Campinas /UNICAMP. Tece análises sobre a Dança Contemporânea elaborada e ressignificada em dois diferentes contextos sócio-histórico-cultural brasileiro. Para isto realiza-se uma análise das diferenças e similitudes nas re-elaborações etno-ética-estética-coreográfica e dramatúrgica do Balé Folclórico da Bahia/Salvador/BA e do Grupo Grial de Dança/Recife/PE a partir dos elementos presentes nos signos, símbolos, mitos e danças de origem afro-brasileira. As questões levantadas apontam que estas danças podem ser fontes de produção artística e criação coreográfica concebendo uma proposição dramatúrgica para a Dança Contemporânea Brasileira. Transpondo fronteiras geográficas e culturais, este artigo descreve as possibilidades de pesquisa e criação artística a partir da temática afro-brasileira baseada nas relações tecidas entre corpo, memória, tradição e contemporaneidade. A metodologia utilizada será a análise fenomenológica orientada na proposta da etnóloga Juana Elbein dos Santos. O referencial teórico traz autores como Bastide (1983), Kerkhove (1997), Munanga (1999), Santos I. (2006), Santos J. (1996), Silva e Calaça (2006), Suassuna (1977, 2004) e Verger (1997) para ratificar as idéias apresentadas. A análise videográfica e a utilização dos princípios da dança africana são os elementos norteadores do processo de pesquisa sobre as criações coreográficas do Balé Folclórico da Bahia e do Grupo Grial de Dança. Estas estratégias possibilitam apontar caminhos que explicam como estas companhias de dança lidam com a estética e os conceitos de arte africana no âmbito da Dança Contemporânea Brasileira. Propõe-se uma dramaturgia para a Dança Contemporânea, baseada em princípios etno-ético-estético-coreográfico e dramatúrgico referenciada na pluralidade das danças tradicionais populares de origem afro-brasileira.

Palavras-Chave: Pesquisa em Dança, Memória, Tradição, Contemporaneidade, Re- elaborações Etno-Ética-Estética-Dramatúrgica-Coreográfica.

 

  • Percepção, memória e imaginação: trajetórias fluidas da expressividade

Marina Martins

PhD, CMA. Programa de Ensino e Criação em Dança/UFRJ

Resumo: O projeto de pesquisa “Corpo Prismático: Sistema Laban/Bartenieff de Estudos do Movimento” tem como princípio a “teoria em movimento” de Rudolf Laban e a transversalidade das ações corporais. A pesquisa procura nas trajetórias fluidas do movimento a percepção do corpo como uma arquitetura viva e suas possibilidades de acesso às conexões internas e externas para gerar a forma expressiva da ação. O conceito de improvisação labaniano aponta para a construção de uma prática que visa estimular a correspondência entre percepção, memória e imaginação considerando a experiência de vida de cada um e o da transdisciplinaridade entre as linguagens artísticas. Os princípios fundamentais do movimento desenvolvidos por Irmarg Bartenieff são aqui aplicados como técnica de aquecimento físico e sensorial através da percepção dos padrões usuais de movimento, de seus modos de mudança de forma e da interdependência dos efeitos produzidos pelas conexões entre a imaginação criativa, a imaginação reprodutora e as sensações armazenadas na memória. Nessa via, o orientador da pesquisa também desenvolve, na maneira de conduzir a improvisação, uma trajetória transversal de associação de idéias funcionais e expressivas, criando estímulos sonoros e imagens verbais no sentido de provocar simultaneamente a cognição, a reflexão e o movimento em si e nos outros.

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  • Análise das proposições de disciplinas correspondentes a processos de criação em currículos de instituições públicas de ensino superior em dança

Meireane R. R. de Carvalho – Mestranda UFBA

Resumo: A pesquisa a qual proponho e que ainda está em estagio inicial, apresenta como problemática, a discussão sobre os princípios, conteúdos e métodos propostos em programas curriculares de disciplinas relacionadas a processos de criação em dança de cinco Instituições de Ensino Superior da rede pública brasileira, ponho como discussão investigativa, os tipos de abordagens teórico-práticas de criação em dança, com objetivo de analisar nos programas curriculares de cinco Instituições Públicas de Ensino Superior de Dança, as proposições que norteiam as disciplinas relacionadas a processos de criação em dança e sua correlação com abordagens teórico-práticas de processo de criação. O interesse da pesquisa deve-se a preocupação com as vertentes pedagógicas quanto ao ensino da criação em dança. Neste sentido, o exercício da docência nos leva a questionamentos sobre o que ensinar e como ensinar, e na tentativa de proporcionar o “melhor ensino”, se é que existe, nos esbarramos em algumas fragilidades do sistema no ensino superior. Nosso olhar neste sentido se volta em particular para as proposições metodológicas das Instituições de Ensino Superior em Dança nas disciplinas correlatas ao processo de criação. Acredito que, compreender princípios, conteúdos e métodos que norteiam disciplinas relacionadas a processos de criação na estrutura curricular e projetos políticos pedagógicos de diferentes cursos de dança, promoverá a possibilidade de acesso a informações que apontem para diferentes proposições de processos de criação em dança e suas correlações com abordagens teórico-práticas de criação, que em sua maioria, ainda se sustentam em teorias tradicionais. Nesse sentido, esta pesquisa pode contribuir para repensar as proposições direcionadas para a criação em Dança em Instituições de Ensino Superior no Brasil, e principalmente, de muDanças paradigmáticas na concepção de processos de criação.

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  • Concepções de corpos dançantes na coreografia contemporânea na perspectiva de bailarinos-criadores

Mônica Dantas

Resumo: No campo da produção acadêmica em dança, o corpo é um dos temas mais abordados. O corpo dançante é descrito como um corpo treinado, modelado, construído (Foster, 1997), um corpo fenomenológico e sensível (Fraleigh, 1987), um corpo virtual e paradoxal (Gil, 2004), um sistema aberto de troca de informações (Katz, 1994), um rizoma plástico, sensorial, motor, pulsional e simbólico (Bernard, 1990), um laboratório da percepção (Souquet, 2005). Mas o que pensam e dizem os bailarinos sobre seus corpos dançantes? Com o intuito de ancorar as reflexões teóricas sobre o corpo dançante na prática coreográfica  contemporânea, esta comunicação busca identificar e analisar concepções de corpo vividas, elaboradas e veiculadas nas obras Aquilo de que somos feitos (Lia Rodrigues Companhia de Danças) e Marché aux puces, nous sommes usagés e pas chers (dona orpheline danse). Para tanto, realizou-se um estudo dos processos de realização das duas coreografias, através da utilização da etnografia como método de pesquisa, tendo como instrumentos de coleta de informações a observação participante e a entrevista. A presença do corpo dançante como corpo treinado, heterogêneo, autônomo, íntimo, energético, engajado, vulnerável e amante assinala as correspondências entre as obras coreográficas e os projetos de corpo dançante que essas obras acabam por suscitar. Ela exprime igualmente as relações de continuidade entre a dança e vida, revelando que os bailarinos integram a sua prática artística as experiências mais ordinárias e mais íntimas, convergindo-as ao projeto coreográfico do qual fazem parte.

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  • Prática da invenção no exercício da improvisação em dança

Mônica Medeiros Ribeiro

Depto. de Fotografia, Teatro e Cinema da Escola de Belas Artes da UFMG .

Resumo: A comunicação ou a afeccção são processos de aproximação entre o artista e o espectador. Um afetado pelo outro conferem sentido à criação, criando a possibilidade de uma contínua renovação do olhar. O ato de renovar está imbuído de um ato percepção que é em si cognição. A percepção já é pensamento, o que implica que todas as construções mentais envolvidas na recepção, no processamento de informação, no armazenamento, ou seja, na aprendizagem, são cognoscitivas. A criação renova e é renovada pelo olhar de si e dos outros. Na arte, ela se dá em um movimento relacional, seja com o outro, ou com o ambiente visual e sonoro que a recebe e a concebe. O processo criativo em arte se dá a partir da relação com o outro, com o meio, e, assim, gera conhecimento por meio de uma cognição inventiva.O ambiente que gera esse texto é aquele da sala de aula da disciplina “Estudos Corporais A” para alunos atores do curso de Graduação em teatro da EBA/UFMG. Percebe-se a necessidade de reflexão acerca de da prática inventiva na improvisação em dança. Como a improvisação é tida como um operador de criação em dança visando a composição coreográfica, a pergunta que se pretende aqui problematizar, mais que responder é: Quais seriam as características de uma improvisação na dança? A metodologia utilizada para elaboração do presente texto consta de uma breve revisão bibliográfica com os descritores improvisação, composição e habilidade inventiva. A análise qualitativa por meio da observação participante também foi realizada em sala de aula da disciplina “Estudos Corporais A”. Dessa maneira, a participação do professor na sala de aula ministrando os exercícios de criação de sequências de movimentos expressivos, observando os resultados e dialogando com os alunos sobre os mesmos possibilitou a aproximação entre a teoria e a prática referentes ao objeto deste trabalho. A partir da revisão bibliográfica realizada encontra-se a correlação entre cognição e invenção. A aprendizagem no contexto dos estudos da cognição inventiva é vista como coordenação entre mente e corpo. Pensamento e movimento não se distinguem a partir da compreensão do aprender na dança como o ato de inscrever a cognição no corpo.

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  • Significados simbólicos pelas danças dos blocos afros de Salvador

Nadir Nóbrega Oliveira

Doutoranda em Artes Cênicas-PPGAC UFBA

Resumo: Para realizar esta pesquisa faço uso de várias referências envolvendo corpo, dança ancestralidade e memória desenvolvidos nos blocos afros de Salvador: Ilê Aiyê, Olodum, Malê Debalê e Bankoma, destacando aspectos das culturas e identidades brasileira nestas criações.Para tanto me inspiro nos significados simbólicos destes blocos, nos quais suas propostas artísticas são diferenciadas e consequentemente os corpos também são diferentes.Corpos que provocam algumas indagações como: Que formações existem nestes corpos, para serem tratados enquanto dança? De que corporalidade estou falando? Como estes corpos são construídos? Como estas obras foram e são construídas? Nesta pesquisa apresentarei paradigmas performativos significantes nos estudos da dança estabelecidos por estas associações carnavalescas, nas quais os seus integrantes dançam para expressarem seus sentimentos, suas ansiedades e valores culturais. Como, por exemplo, as cores da indumentária, movimentos do corpo que se entrelaçam entre movimentos articulados e, ao mesmo tempo, são totais, a polirritmia das músicas, dentre outros. Partindo dos estudos do corpo, destaco a atualidade do estudo de MAUSS, sobre as técnicas corporais, sugerindo que os corpos são montados de maneira física, psíquica e, socialmente, e que a educação e a imitação prestigiosa são determinantes nesta montagem cultural. MAUSS (1974) considera a técnica corporal como “um ato tradicional eficaz”, que pode ser transmitido de geração a geração. Observando que ações ordinárias do ser humano, como, caminhar, nadar, parir, sentar, comer e etc., eu acrescentaria dançar, o que varia de uma cultura para outra. Considerando o que se vê neste trabalho em termos de uso do corpo e de construção coreográfica, entre outras coisas, pode proporcionar discussões e o aprofundamento desse tema, tentando assim trazer novos olhares e construções para questões ligadas à diversidade cultural baiana.

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  • Identidade zelig da dança contemporânea: outros em mim

Nirvana Marinho

Artista da dança. Doutora em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e coordenadora do Acervo Mariposa.

Resumo No estado de arte do corpo contemporâneo, uma hipótese torna-se possível: a dança contemporânea pode ser entendida como uma mixagem de identidades? Sempre idealizada em um corpo, com nome e sobrenome, com alcunha e endereço certo, a dança se apóia tão obviamente no corpo que a produz que se confunde com ele. Normalmente reconhecemos a dança deste ou daquele artista, atribuindo ao sujeito certa singularidade. No entanto, em tempos de simultaneidade, sincronismo, globalização e de multidões indistintas, o conceito de identidade vem sendo repensado (Bauman, 2005). Para investigar uma nova estratégia de existência, emprestamos uma metáfora do cineasta Woody Allen em seu filme “Zelig” (1983) a fim de corporificar esta metáfora na dança produzida nas últimas décadas. O corpo e sua identidade vem sendo misturado, contaminado e confundido com uma imensa avalanche de possibilidades que o corpo organiza ao longo de sua história – mestres, técnicas, pessoas, leituras, experiências – agora fazendo visível suas influências e decisões de quais deseja transparecer em sua dança. Projetos de troca de coreografias (“As obras dentro da obra” (2009), Ricardo Marinelli e Elisabeth Finger), pesquisa de mixagem de tipos coreográficos (“Confluir” (2007), Thembi Rosa) e outros exemplos trazem ao centro da discussão a identidade mixada ou “zelig” do corpo contemporâneo em dança. Diferente da equivocada impressão de que a dança contemporânea abarca tudo ou pode tudo, o presente artigo transforma a patologia “zelig” do personagem da película para uma realidade desejada por muitos artistas. Como organizar um eu feito de muitos eus? Como estetizar sua realidade misturada com muitas outras, algumas delas inconscientes? Alguns coreógrafos brasileiros comentados tornam viável um revisita ao conceito de identidade frente a diversos estímulos que o artista da dança sofre hoje em sua formação e, sobretudo, em seu percurso artístico.

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  • Ritual indígena, cena brasileira e performance: pesquisa em Antropologia da Performance

Regina Polo Müller

Universidade Estadual de Campinas/Campinas/Brasil

Resumo Esta comunicação apresenta pesquisa sobre processos de criação desenvolvidos a partir de um ritual em sociedade indígena e de um ícone da cultura nacional brasileira mundializado nos veículos de comunicação de massa, na qual se discute o conceito de “comportamento restaurado” da teoria da performance de Richard Schechner. O objeto de estudo é o corpo em movimento e a incorporação da personagem no ritual indígena e na cena artística contemporânea. Aborda-se o ritual xamanístico dos Asuriní do Xingu, povo tupi-guarani da Amazônia, contatado na década de 70 e a performance da atriz brasileira Carmen Miranda

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  • Uno, o corpo propositor e os processos investigativos

Rosemeri Rocha

Esta pesquisa reflete sobre questões relacionadas ao corpo e a obra na dança contemporânea, mais especificamente o conceito de corpo propositor e os modos de fazer nos processos investigativos no âmbito da produção artística, com enfoque na obra “UNO”, do Grupo de Dança da FAP, de Curitiba/PR. O estudo propõe essa discussão ao relacionar as propostas de dança do bailarino e coreógrafo norte americano Merce Cunningham e o conceito de performatividade proposto pela docente e pesquisadora Jussara Setenta. O objetivo da pesquisa é o de apresentar um mapa conceitual com abordagens sobre corpo, o entendimento de sujeito e proposição na perspectiva do campo de criação em dança, com o intuito de ampliar, reformular e nominar os conceitos de procedimentos em processos criativos do núcleo de pesquisa do GDFAP. O estudo propõe algumas pistas para falar de corpo propositor, no entanto, algumas maneiras diferenciadas de fazer dança já podem ser apontadas nas propostas artísticas do artista Merce Cunningham. Por exemplo, o processo criativo pessoal pelo uso intensivo da experimentação e improvisação, o uso do acaso, a separação da música, a criação de obras abertas que provocam inúmeras leituras e o interesse pelo jogo. O conceito de performatividade, trazido por Setenta (2008), refere-se ao corpo que dança, ao jeito de discutir e problematizar corpos que organizam pensamentos-falas na forma de dança. Refere-se ao jeito de estar no mundo, podendo ser aplicado às relações pessoais, sociais, políticas, culturais e artísticas. São fazeres específicos, que fazem repensar essas instâncias político-estéticas no próprio fazer, no presente fazer, a dança.

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  • A pesquisa artística no processo de criação coletiva de INSURTOS

Solange Caldeira

INSURTOS é o nome do espetáculo produzido por seis formandos do Curso de Dança da Universidade Federal de Viçosa como trabalho de conclusão de curso integrado (TCI). Inspirado nos fatos folclóricos/ lendas urbanas da cidade de Viçosa, utilizou vários caminhos de pesquisa artística para a composição do espetáculo, que apresentamos no presente texto, assim como deu origem a seis diferentes estudos teóricos monográficos, para cada um dos integrantes do TCI. Festas, alucinações, ressaca, sexo, aborto, morte, suicídio, passagem, foram elementos serviram de fonte inspiradora para toda a produção artística, que englobou aspectos de criação coreográfica, definição de figurino, cenário, maquiagem, iluminação, sonoplastia, captação de recursos financeiros, escolha de local, data e aquisição de toda a estrutura que envolve um espetáculo, física e administrativa.

Palavras-chave: Pesquisa e Criação/ Insurtos/ Produção Artística em Dança

 

  • Incorporando a teoria e refletindo sobre a prática em dança contemporânea

Suzi Weber

O corpo social refere-se à dimensão do corpo onde é possível ler as inscrições e marcas sociais e está ligado à idéia que o corpo é construído pela sociedade. É ela que vai definir o corpo ideal ou as diferentes hierarquias de modelos de corpos. É a sociedade que vai legitimar determinados tipos de corpos, favorizando alguns modelos em detrimento de outros. O campo da dança contemporânea, enquanto microcosmo social artístico, vai absorver todos estes valores e participar dessa construção  reforçando os modelos legítimos (produto  do social) ou, em oposição, propondo outros modelos menos reconhecidos. Um dos grandes autores que desenvolveu este debate é o sociólogo Pierre Bourdieu, nesta comunicação serão abordados três conceitos que estão no centro de sua teoria : habitus, campo e capital. Estes conceitos na minha pesquisa são mobilizados para refletir sobre a dança contemporânea e os processos de criação em três estudos de caso. Trata-se de buscar uma aproximação entre estes instrumentos conceituais emprestados da sociologia do corpo de Bourdieu e sua transposição para a dança contemporânea. Esta aproximação visa estabelecer relações entre o corpo, a sociedade e a dança contemporânea e enriquecer a noção de pratica artística. A teoria na minha pesquisa é importante a medida que ela oferece questões ancoradas na experiência tangível da dança. Uma proposta coreográfica é uma proposta estética, mas é também uma proposta que estabelece relações políticas (relações de poder entre artistas, programadores, patrocinadores e espectadores), relações econômicas e relações sociais, daí a importância desta reflexão de estabelecer relações entre aspectos da aparelhagem conceitual de Bourdieu e aspectos da criação em dança contemporânea.

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  • Corpoforma: Uma relação entre forma e conteúdos expressivos no corpo cênico

Tânia Mara Silva Meireles

UFMG

Resumo Este trabalho tem como objetivo apresentar o elemento forma das Artes Plásticas como um dos possíveis meios de desenvolver a sensibilidade visual e a consciência corporal na formação do artista cênico, por apreender que existe uma relação direta entre forma e conteúdos expressivos. Como o termo forma é polissêmico e possui um teor por vezes ambíguo, conceituo forma como a estrutura essencial e interna, de construção de espaço e de matéria a qual permite a configuração espacial externa de seus limites.  Neste sentido, conteúdo e forma não se excluem, pelo contrário, tornam-se uma unidade expressiva do artista. Almeja-se que a incorporação do elemento teórico-prático forma seja usada estrategicamente como veículo de produção de sentidos e o meio de possibilitar a visualização da dimensão interior do artista. A construção da relação corpoforma parte do olhar advindo das Artes Plásticas para, em seqüência, buscar contrapontos para sua apropriação nas Artes Cênicas, apoiados conceitualmente na idéia de uma Atuação Polifônica (MALETTA, 2005). A relação corpoforma não visa à criação de uma codificação de gestos e emoções e sim, de um procedimento que possibilite a construção de um profícuo arquivo de memórias musculares à medida que as formas são observadas, incorporadas e, conseqüentemente, apropriadas pelo artista. Forma entendida como base para seu trabalho, em especial na fase pré-interpretativa, na busca de um treinamento corporal para operacionalizar organicamente suas intenções e ações no espaço cênico. Entendo que o aprofundamento dessa relação permite o incremento da consciência e expressividade do artista cênico, uma vez que a reflexão sobre o estudo da forma em seu exercício artístico possibilita aos que as praticam, organização de habilidades motoras, intelectuais, aliadas aos processos intuitivos de criação.

Palavras-chave: corpo cênico, forma, expressão.

 

  • Dança e políticas de cultura na pós-modernidade

Thaís Gonçalves Rodrigues da Silva

Resumo O balé  clássico tem sido uma das estéticas adotadas em projetos sociais em diversas partes do Brasil. Em Paracuru, vila de pescadores do litoral Oeste do Ceará, a 90 quilômetros de Fortaleza, o bailarino Flávio Sampaio implantou, em 2003, uma escola de formação para crianças e adolescentes que nunca tiveram contato com esta técnica. Até então, os moradores só apreciavam o forró chamado comercial, pois nem as danças tradicionais fazem parte do repertório local. Depois de fazer carreira nacional e internacional, o bailarino voltava a morar na sua cidade natal, após ser professor do Teatro Bolshoi no Brasil, em Joinville, no ano de 2002. Chegou com o desejo de aplicar o balé de uma forma inusitada e bem aceita pela comunidade. Como desafio metodológico: formar bailarinos que dancem “para o futuro” e não “para o passado”, para a tradição. Ao invés de investir reprodução de repertórios do século XIX, onde opera a lógica do sujeito centrado moderno e iluminista, o professor apropria-se dessa técnica para preparar o corpo e, assim, estimular os alunos a avançarem em direção à criação de seus próprios repertórios e estilos de dança na cena contemporânea. Para discutir essa mudança de foco, um pergunta: como o balé pode responder aos questionamentos e anseios das populações atuas, em especial às de baixa renda no Brasil, num mundo em que o sujeito e a identidade estão em crise? Stuart Hall entende que enfrentamos um descentramento do indivíduo de seu lugar social e cultural e de si. Já Gilles Deleuze e Félix Guattari colocam em questão a própria idéia de sujeito e subjetivação e seus modos de controle que operam na sociedade contemporânea, propondo a vida como uma obra de arte, tal como Nietzsche, para quem a arte não é separada da vida. Considerando a estreita relação entre arte e poder ao longo da história, entendo que é preciso um olhar mais atento para o modo como a dança tem sido compreendida no âmbito da cultura e, por conseqüência, na esfera dos projetos sociais.

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