Resumos:

GT – Dramaturgia : Tradição e Contemporaneidade

 

 

A linguagem do Teatro do Ornitorrinco

Andréa Angotti Ferreira

Universidade Estadual Paulista - UNESP

Palavras-chave: Teatro Comédia Riso


Fundado em 1977, por Maria Alice Vergueiro, Carlos Eduardo Rosset e Luiz Roberto Galízia, o Teatro do Ornitorrinco é uma das mais polêmicas e consagradas companhias teatrais do país. Em seus trinta e um anos de experiência, angariou inúmeros prêmios e fez a sua história dentro do teatro brasileiro. Imprimiu a sua marca peculiar: o humor e a irreverência. Desde seu primeiro trabalho, Os mais fortes, em 1977, até o presente momento, em 2008, com A megera domada, o grupo assumiu o compromisso estético com a modernidade, sintonizado com as discussões, as formas de interpretação e encenação do nosso tempo. Seus espetáculos foram vistos, indistintamente, por crianças, adolescentes, adultos e idosos, recuperando a idéia do teatro como rito social, compartilhado por atores e pelo público.



SER PALHAÇO

ANDREIA APARECIDA PANTANO

UNIP

Palavras-chave: Clown Augusto Personagem


Neste trabalho, procuramos indagar sobre o que é ser um palhaço, revelando, entre outras coisas, os dissabores da profissão. Permeada de mitos, essa é uma das profissões mais antigas. Procuramos investigar a origem do Clown Branco e do Augusto, demonstrando assim as diferenças que compõem essas duas personagem. O Clown Branco é proveniente da aristocracia e, nesse sentido, seus gestos são todos refinados. Já o Augusto é o expoente dos excluídos. Sua caracterização e interpretação revelam esse caráter miserável. O Augusto, embora seja um cômico por natureza, não deixa de retratar a miséria de sua personagem. Ele faz isso explorando o ridículo. É ele quem melhor representa a humanidade açoitada, pois passa parte de sua vida sendo espancado e humilhado.




METALINGUAGENS SHAKESPEARIANAS: REFLEXÕES SOBRE A CENA EM "SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO"

Anna Stegh Camati

UNIANDRADE/PR

Palavras-chave: Shakespeare Apropriação textual Tradução intersemiótica


No enredo dos artesãos, em Sonho de uma Noite de Verão, Shakespeare reflete sobre a ilusão dramática e a representação da realidade no teatro ao transformar em tema o processo da adaptação cênica do texto dramático. Não se trata apenas da inserção de uma peça dentro da peça, mas da reflexão sobre as especificidades da tradução intersemiótica por meio da inscrição dos mecanismos da concretização cênica no texto, desde a concepção até a produção e recepção. Além disso, as estratégias de apropriação textual que norteiam a criação de um novo texto são passadas em revista por meio da atitude auto-reflexiva, lúdica e metacrítica do poeta e dramaturgo.




ALTERIDADE E MEMÓRIA: A EXPANSÃO CÊNICA DA NARRATIVA E SUA EFICÁCIA SIMBÓLICA

Antonia Pereira Bezerra

Universidade Federal da Bahia

Palavras-chave: Alteridade Memória Narrativa


Esse estudo consiste na exploração cênica das diversas possibilidades e utilidades da narrativa enquanto instrumento e meio privilegiado de encontrar e compreender o outro, de atribuir sentido à experiência vivida; Sua finalidade prática é a encenação de uma trilogia dramática cujos textos e espetáculos abordam, sucessivamente, temas acerca da “suspensão da consciência” (integração psicológica); da memória e identidade (integração sociológica) e da historia e identidade (integração antropológica). É partindo do princípio, conhecido por diversas teorias, de que a finalidade de uma narrativa, da história de vida, para ser mais preciso, é sempre a de unir, de integrar em todos os sentidos da palavra, que proponho a exploração cênica da sua eficácia simbólica.




A Teatralidade e a teatralização do poder na literatura de Franz Kafka

Beatriz Wey

Centro Universitário de Barra Mansa

Palavras-chave: Teatro-literatura-poder teatralização- alienação-sociedade


A teatralidade da literatura Kafkiana trazuz as relações de poder dentro e fora do âmbito institucional. Destacamos da literatura a presença de movimentos pendulares, que, de forma atemporal, revelam as inquietudes do homens frente ao exercício do poder. A dramatização da literatura revelou desdobramentos interessantes. Intitulada de Punições, a montagem cênica contribuiu para o melhor entendimento da política e de seu exercício. Os debates posteriores aos espetáculos contribuiram para a reflexão cênica e cidadã. Este trabalho foi realizado por aulunos do Teatro da universidade de Barra Mansa e apresentado em quatro cidades vizinhas.




Jorge Andrade e o Teatro Moderno no Brasil: uma revisão de alguns acertos e muitos equívocos.

Berilo Luigi Deiró Nosella

UNIRIO

Palavras-chave: Teatro Brasileiro Moderno Drama Moderno


Jorge Andrade Quais os problemas em se conceituar Teatro Moderno no Brasil? Tal dificuldade se daria por um “torcicolo cultural” nos moldes apontados por Roberto Schwartz? O Drama Moderno inicia-se no século XIX; já nosso teatro moderno só se inicia na década de 40, com a encenação de Vestido de Noiva. No caso da dramaturgia brasileira, essa questão ganha força se pensarmos que ela não foi devidamente tratada pela nossa historiografia literária no que concerne à Formação de uma literatura moderna no século XIX. Mesmo obras do século XX, como O Rei da Vela de Oswald de Andrade, tiveram que esperar décadas para ganhar o palco. Portanto, como denominar Moderno um autor como Jorge Andrade e qual a importância desse autor para consolidação de uma “identidade brasileira moderna” tão tardiamente?




Shakespeare em versão musical

Célia Maria Arns de Miranda

Universidade de São Paulo

Palavras-chave: William Shakespeare Otelo da Mangueira Teatro-musical


A intermidialidade torna-se evidente no espetáculo dirigido por Daniel Herz quando a aproximação temática entre o universo shakespeariano de 'Otelo' e o Morro da Mangueira é estabelecida pelos sambas que falam de paixões, ciúmes e traições. Gustavo Gasparani é quem assina o musical 'Otelo da Mangueira', que é uma livre adaptação da tragédia shakespeariana que foi contextualizada para a década de 40 onde a guerra contra os turcos foi transformada na luta para vencer a disputa pelo samba-enredo no carnaval carioca. O presente trabalho visa o estudo das diferentes linguagens que compõem o espetáculo e o processo de transformação do texto de partida no texto de chegada.




A religião afro-brasileira como critério de autenticidade do teatro negro ?

Christine Douxami

Université de Franche-Comté

Palavras-chave: teatro negro teatro politico candomblé


A comunicação abordara a presença do candomblé dentro do teatro negro, apoiando-se na dramaturgia. Veremos rapidamente o que foi definido como teatro negro, historicamente e tentou dar uma definição nova do que é “ser negro” no Brasil. Trata-se de demonstrar como o uso da religião afro-brasileira na dramaturgia do teatro negro é usado, não pelo seu aspecto espetacular, mas como um dos elementos distintos que permite reivindicar uma alteridade especifica, o que viabiliza a existência de um teatro diferente do clássico “branco”,ou seja um teatro negro militante




Criação e Aprendizado na Tradição do Palhaço de Circo

Cláudia Funchal Valente de Souza

UNESP

Palavras-chave: Palhaço Ator Circo


Na tradição do palhaço de circo criação e aprendizado derivam da experiência direta e coletiva, ou seja, do contato com palhaços profissionais e com o público. Se, por um lado, as ações podem ser organizadas de maneira completamente diferente a cada apresentação, por outro a improvisação é rigorosamente codificada. Os códigos corporais, transmitidos de uma geração a outra, são repetidos e recriados por cada novo artista. As tentativas de apropriação desta linguagem por atores de teatro muitas vezes desconsideram a singularidade do processo criativo. Com isso, se distanciam de suas raízes populares. A performance do palhaço é herdeira de uma longa tradição que se atualiza na relação com o público.




Melodrama: as estratégias trágicas da emoção na modernidade

Claudia Mariza Braga

Unicamp/UFSJ

Palavras-chave: Tragédia Melodrama Estratégias


A tradição dramatúrgica grega e suas estratégias de narração. Os objetivos de sua utilizacão. Os conceitos aristotélicos de mímesis e kátharsis, de peripécia e reconhecimento. A construção da fábula e dos personagens na tragédia e em formas dramáticas modernas. O terror e a compaixão, a desmedida, a identificação, da Grécia aos nossos dias. A utilização das estratégias narrativas da tragédia em outras formas dramáticas. A construção da emoção na tragédia e no melodrama. A continuidade da tradição clássica de elaboração do enredo nos dias atuais. A validade das estratégias trágicas na modernidade.




Construindo a comicidade: sátira e ironia

Cleise Furtado Mendes

Universidade Federal da Bahia

Palavras-chave: Comicidade Sátira Ironia


Esta comunicação sintetiza resultados parciais do projeto de pesquisa intitulado "Dramaturgias do Efeito Cômico - Estratégias de construção da comicidade na cena contemporânea". Trata-se de investigação crítico-teórica que embora parta de reflexões sobre a escrita dramatúrgica está direcionada às práticas cênicas e à articulação dos elementos que engendram a teatralidade. No presente texto, tendo por pressuposto a identificação de alguns aspectos recorrentes na dramaturgia produzida a partir da segunda metade do século XX, estudam-se alguns procedimentos da sátira e da ironia, como recursos na construção da comicidade, e suas implicações no pacto entre o comediógrafo e seu público.




Teatro e pintura em diálogo: Ellen Terry e a Ofélia de Shakespeare

Cristiane Busato Smith

Uniandrade /Universidade Tuiuti do Paraná

Palavras-chave: Teatro Pintura Dramaturgia séc. XIX


Este trabalho se propõe a investigar as instigantes relações entre o teatro e a pintura na Inglaterra do século XIX. O século XIX, fascinado com uma cultura crescentemente visual, encontrava nas exibições de arte e no teatro “espetáculos” que muitas vezes se entrelaçavam. A época testemunha o surgimento da pintura teatral, que fazia referência direta ao palco, retratando atores e produções específicas. Em contrapartida, os teatros, agora iluminados, ornados por elaborados painéis móveis, dioramas e cosmoramas, apresentavam peças com atores que dialogavam com a arte pictórica. O caso da atriz Ellen Terry ao encenar a Ofélia de Shakespeare é paradigmático da mútua influência das artes.





A CENA TRANSBORDANTE:

Daniele Pimenta

UNICAMP

Palavras-chave: circo-teatro dramaturgia encenação


O Circo-Teatro atinge sua fase áurea entre as décadas de 1930 e 1950. Seu grande desenvolvimento técnico e artístico deve-se ao fato dos artistas daquele período já terem nascido após sua estruturação e, principalmente ao arrojo de ensaiadores e empresários que investem no aprimoramento de seus espetáculos. O Circo-Teatro emocionava por meio de sua estética única, uma estética pouco realista que reúne ingenuidade e teatralidade, coerente com a perspectiva e a expectativa de seu público. Com o exagero das formas, a intensidade das cores, o ensaiador circense encontra, no melodrama, o ajuste perfeito entre espetáculo e recepção.





O teatro performático de Hilda Hilst

EDER RODRIGUES DA SILVA

UFMG

Palavras-chave: Dramaturgia Performance Hilda Hilst


Uma análise do teatro de Hilda Hilst a partir das perspectivas da performance e seus desmembramentos junto aos processos de escritura e aspectos cênicos. A dramaturgia Hilstiana é um teatro de resistência, ratificador das inúmeras vozes silenciadas, vítimas de opressão, personagens encarceradas no próprio corpo e que se projeta num plano cênico de posicionamento crítico diante das instituições de poder, das formas de censura e hegemonia de forças, que de forma concreta ou simbólica marcam gerações, povos e a história ás vezes não escrita de cada um. Um teatro que se firma sob às novas formulações e interpretações junto à linguagem performática e que ainda soa como desconhecido e pouco representado no meio teatral.





GRUPO TEATRAL “DIRETO DO RIO”: RESISTÊNCIA E REPRESENTAÇÃO EM RIO BRANCO/AC (1988)

Elderson Melo de Melo

Universidade Estadual de Campinas

Palavras-chave: Produções Teatrais Acreanas História do Teatro Arte e Política


Este artigo faz parte de estudo sobre grupos de teatro que se apresentaram no Acre, na década de 1980, no bar e restaurante “O Casarão”, antigo estabelecimento comercial localizado no centro da cidade de Rio Branco, capital do Estado. O Acre, nesse período, enfrentava um forte processo de desestruturação sócio-econômica, resultado do fim dos seringais e da imigração maciça dos seringueiros para cidade, além da mudança do governo, com o fim da Ditadura Militar. É sobre o movimento cultural acreano desse período que pretendemos discutir nesse artigo. Nesse recorte, propomo-nos a expor as peças apresentadas pelo “Grupo Direto do Rio”, grupo teatral que encenou, nas noites do “Casarão”, espetáculos baseados no teatro de agitação russo e no movimento teatral brasileiro, anterior a década de 80.





Texturas Polifônicas

Elvina Maria Caetano Pereira

Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-chave: Polifonia Processos de criação cênica Dramaturgia da cena


De que modo os processos de criação, balizados em relações colaborativas, implicam no desenvolvimento de uma dramaturgia polifônica? Uma vez que no processo colaborativo, o texto não representa mais a voz de um autor, mas é engendrado no embate das diversas vozes envolvidas na criação, não poderíamos pensá-lo como um sistema polifônico que imprimiria determinadas soluções formais ao texto resultante? Como, então, pode a dramaturgia concretizar, em termos escritos, toda a composição que existe entre o gesto e a palavra, o corpo e o espaço? Como registrar a simultaneidade de ações ou o tapete sonoro que emprestam sentido à cena? Como construir uma “notação” de uma dramaturgia da cena? Nesse sentido, é que procuraremos interrogar como é possível imprimir, em nível ficcional, as marcas desse a




A presença do objeto em Dorotéia, de Nelson Rodrgues.

Felisberto Sabino da Costa

Universidade de São Paulo

Palavras-chave: Dramaturgia Objeto Corpo


A presença do objeto em Dorotéia, de Nelson Rodrigues. Autor: Felisberto Sabino da Costa ECA/USP (SP) A dramaturgia de Nelson Rodrigues tem na fala um dos seus pilares. Contudo, a sua riqueza dramatúrgica descortina outras possibilidades cênicas, como, por exemplo, a presença do objeto. Em Dorotéia, o autor mergulha em procedimentos que remetem ao teatro de animação, e faz de Eusébio da Abadia um objeto-personagem. Os próprios personagens podem ser vistos como sujeitos que se convertem em objetos movidos por uma força trágica. No contexto lexical, o corpo é metonimizado, e os objetos da casa, potências vingadoras, podem se voltar contra o personagem.



A melodramática indústria cultural

Gil Vicente Barbosa de Marques Tavares

UFBA-PPGAC

Palavras-chave: dramaturgia melodrama indústria cultural


O texto pretende, primeiramente, fazer uma reflexão crítica sobre a ascensão burguesa e do melodrama no século XVIII, com suas fórmulas tiradas de uma leitura folclorizada e deturpada da Poética de Aristóteles, e o objetivo imediatista dos dramaturgos melodramáticos de fazer o sucesso fácil através de macetes e artimanhas, bem como temáticas moralistas e ligadas à vida do homem comum. A reflexão parte então para perceber nessas raízes, intimamente ligadas ao pensamento capitalista e à ética protestante, como a arte irá se render ao capital, à fórmula e à necessidade do sucesso e da aceitação, no que Adorno irá chamar de “indústria cultural”, já no século XX.



Teledramaturgias sul-americanas: há vida lá fora.

Iara regina Demetrio Sydenstricker Cordeiro

PPGAC/UFBA

Palavras-chave: Teledramaturgia Criação América do Sul


O artigo discute perspectivas de criação teledramatúrgica em torno do formato seriado e de temáticas sul-americanas, levando em conta questões como nomadismo, transnacionalidade, tradição, individualismo, redes de solidariedade, estruturas famíliares, geografias fundiárias e ecológicas, mitologias e cosmogonias sul-americanos. Dedicado mais à reflexão e recusando-se a encontrar respostas imediatas ou definitivas, o trabalho visa contribuir para uma(s) teledramaturgia(s) capaz(es) de veicular e valorizar culturas locais, regionais e nacionais nas nossas televisões.




A MÁSCARA DO PALHAÇO NAS MANIFESTAÇÕES POPULARES BRASILEIRAS

Ivanildo Lubarino Piccoli dos Santos

Universidade do Estado de São Paulo UNESP

Palavras-chave: circo cultura popular palhaço


Este estudo partiu da análise de manifestações populares brasileiras que possuem em seu contexto uma ou mais personagens cômicas que tenham a semelhança com as características da linguagem da máscara do palhaço tradicional de circo. Estas personagens cômicas aparecem na forma de brincantes que executam as personagens cômicas pertencentes aos mais diversos grupos de festas, folguedos e carnavais. Estas máscaras cômicas surgem de origens ritualísticas e da preservação das manifestações humanas, tendo como objetivos a expressão do riso e da diversão mesmo que mantenham caracterí




Teatralizando textos não-dramáticos: um estudo a partir das “venturas” e “desventuras” ocorridas na criação da dramaturgia do espetáculo Quixote

Júlio César Viana Saraiva

UFMG

Palavras-chave: dramaturgia tradução literatura


A tradução/transposição/transcriação de textos não dramáticos para dramáticos se apresenta como uma possibilidade concreta e potente dentro do fazer teatral, afetando tanto no processo laboratorial da criação cênica – pesquisa, ensaios, construção de personagens, elaboração dos elementos plásticos, etc – quanto no resultado ético e estético da dramaturgia espetacular. A partir de uma experiência vivenciada como coordenador do processo de criação da dramaturgia textual do espetáculo “Quixote”, da Cia. 4comPalito (BH/MG), são apontadas questões advindas deste trabalho e suscetíveis de ocorrência em processos onde a tradução de obras não dramáticas seja a base para a criação cênica.





Impressões Modernas – Jornalismo e Produção Teatral na Bahia entre 1956 e 1961

Jussilene Santana do Nascimento Gadelha

Universidade Federal da Bahia - Escola de Teatro

Teatro na Bahia Jornalismo Universidade (Federal) da Bahia


O artigo tem como objetivo analisar o comportamento da imprensa baiana em meados do século XX, sobretudo nos jornais A Tarde e Diário de Notícias, em relação à produção teatral. O período é de particular relevância porque nele, mais precisamente em junho de 1956, foi criada a Escola de Teatro, primeira no país ligada a uma instituição de nível superior, a então Universidade da Bahia. Esta iniciativa abriu o caminho para que procedimentos do teatro moderno (papel do encenador, tipos de atuação, uso da iluminação elétrica, entre outros) fossem trabalhados sistematicamente nas artes cênicas. Durante cinco anos - num período também conhecido como 'era Martim Gonçalves', referência ao primeiro diretor da unidade - as mudanças ocorrem tanto no exercício da cena, quanto na cobertura jornalística.



Sobre guerra e família na peça O Retorno ao Deserto de Bernard-Marie Koltès

Luís Cláudio Machado

Universidade de Sorocaba (UNISO)

Palavras-chave: Dramaturgia Contemporânea Teatro Francês Tematologia


Uma leitura de O Retorno ao Deserto, única peça de Bernard-Marie Koltès assumidamente passada na França, num tempo relativamente preciso. Foco no tratamento dado aos temas da família e da guerra, bem como na representação do estrangeiro, de como essa figura pode perturbar a coerência dos mundos representados. Busca evidenciar as relações familiares, atravessadas por ecos da Guerra da Argélia, dissecadas e mostradas como símbolo dos acontecimentos políticos que o país vivia. A partir da célula familiar, o autor toca em questões universais que nos toca a todos, ainda hoje, e cada vez mais nesse mundo globalizado.




Thom Pain (Baseado em nada) de Will Eno: A comédia stand-up na produção da presença.

Luiz Roberto Zanotti

Uniandrade-Pr

Palavras-chave: will eno produção da presença comédia stand-up.


Ao privilegiar a produção da presença, o teatro pós-dramático de Will Eno crítica o excessivo racionalismo contemporâneo. O homem de hoje esqueceu que os objetos podem ser mais que uma atribuição de um significado metafísico, visto que o impacto deles pode ir além da razão, perpassando todo o nosso corpo físico. Nessa premissa, Eno cria Thom Pain a partir da perspectiva da comédia stand-up, apresentando a personagem com um mínimo de caracterização e acessórios, incentivando a troca de energia entre o ator e a platéia, possibilitando a sua “presença” e afastando-o do mundo das personagens ilusórias.





A afrodescendência na dramaturgia de Eugenio Hernández Espinosa

Marcos Antônio Alexandre

UFMG

Palavras-chave: tradução Contemporaneidade dramaturgia cubana


O cubano Eugenio Hernández Espinosa é um dos dramaturgos contemporâneos mais importantes de Cuba. Em seus textos dramáticos encontramos temáticas relacionadas com a cultura e o imaginário social/ideológico do povo cubano. O autor resgata a cultura popular do seu país e a coloca em cena por meio de suas obras. Este trabalho objetiva analisar as peças Calixta Comité e El Elegido, que discutem aspectos teóricos relacionados aos meus interesses como pesquisador: o uso da cultura afrodescendente no teatro e as questões das identidades e da memória.




Philip Astley e o circo moderno: romantismo, guerras e nacionalismo

Mario Fernando Bolognesi

Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista - UNESP

Palavras-chave: dramaturgia da cena espetáculo circense circo no século XIX


Descrição histórica da formação do circo moderno, a partir da arte eqüestre, por iniciativa de Philip Astley, em Londres, no final do século XVIII. O nascente circo foi imediatamente incorporado pela classe economicamente estável, a burguesia, especialmente porque disponibilizou, em forma de espetáculo, os símbolos máximos do poder político europeu: a arte eqüestre. A evolução do espetáculo circense e a adoção de formas teatrais, no século XIX, incorporou o cavalo em cena. Com isso, consolidou-se o hipodrama. A comunicação descreve e analisa a configuração dramatúrgica de dois hipodramas (Mazeppa e A batalha do Alma), encenados no Anfiteatro Astley, no ambiente histórico da expansão napoleônica, entre guerras e consolidação do nacionalismo.




Dramaturgia contemporânea anos 90: caminhos para um "Realismo-Sedutor"

Martha de Mello Ribeiro

UNICAMP

Palavras-chave: Dramaturgia brasileira contemporânea Pós Moderno (teatro) Realismo-Sedutor


A partir dos anos 90, lendo uma série de dramaturgos brasileiros, atuantes no mercado de trabalho, em suas mais variadas formações, estilos e gêneros, se observou uma narrativa de revalorização da experiência vivencial, íntima, de um ou de vários personagens, capaz de devolver à escritura uma aura sedutoramente desviante dos excessos de superexposição do real, de uma estética do choque. Dentro deste contexto de recuperação de uma efetiva “troca simbólica”, citamos como exemplo os dramaturgos: Sérgio Roveri e Mário Bortolloto. No uso da ironia, do humor, do sarcasmo, da metáfora, estes autores imprimem um sentido para o “real” que vai além do simples reflexo da decomposição do mundo. Abrindo o caminho para um novo realismo, por nós denominado “Realismo-Sedutor”.



O personagem radiofônico: um exercício sobre texto e subtexto

Mirna Spritzer

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Palavras-chave: Ator subtexto Experiência radiofônica


O presente artigo relata um exercício com a peça radiofônica descrevendo o sistema de trabalho e sua reflexão. Apresenta a experiência radiofônica como possibilidade de exercitar o texto e o subtexto de forma orgânica, tendo como foco a voz e a palavra. Busca-se assim, refletir sobre a prática radiofônica, em que se inclui um sistema de gravação e audição, como exemplar para compreensão das possibilidades de composição de personagem. Entende que O subtexto radiofônico estrutura o personagem, dando uma linha consistente para sua trajetória que precisa existir sonoramente. Para isso, utiliza-se de referências como Constantin Stanislavski e Rudolph Arnheim.




Melodrama e Tecnologia no Musical Brasileiro

Neyde de Castro Veneziano Monteiro

UNICAMP

Palavras-chaves: teatro musical melodrama contemporâneo


Breves comentários sobre o Teatro Musical Brasileiro desde a sua chegada, ao Brasil, até os dias de hoje, quando o teatro tecnológico e melodramático aporta em São Paulo com as mega-produções da Broadway. Este artigo pretende alertar sobre a necessidade de se formarem libretistas e especialistas em playwriting, a fim de que o musical contemporâneo brasileiro e seus personagens sejam, dramaturgicamente, pensados e construídos entre música e fala, com eficácia. Paralelamente aos musicais americanos, poderemos exportar nossos espetáculos e construir a mão-inversa, divulgando nosso teatro, nossas histórias e nossa música através desta outra forma de expressão teatral. Se, no passado, exportamos Revistas Musicais, poderemos, no presente, exportar grandes produções musicais com tecnolog




William Inge e a poesia do lugar comum: impressões de PICNIC

Ricardo Bigi de Aquino

Universidade Federal de Pernambuco

Palavras-chaves: William Inge Dramaturgia norte-americana Poesia do lugar comum


William Inge (1913-1973) retratou o Meio-Oeste americano dos anos vinte aos anos cinquenta com um misto de cruel realismo e extrema delicadeza, ao abordar a existência monótona e severamente limitada de seus personagens provincianos em peças memoráveis como COME BACK, LITTLE SHEBA (1950), PICNIC (1953), BUS STOP (1955) e THE DARK AT THE TOP OF THE STAIRS (1957). Pretendemos evocar a poesia do lugar comum presente em seu trabalho através de breve análise de uma das suas mais famosas peças, PICNIC, revelando como o autor descortina a vida prosaica de homens e mulheres cujos dramas íntimos nos comovem apesar de sua aparente banalidade.




BORANDÁ, POVO BRASILEIRO!

Roberta Cristina Ninin

Universidade Estadual Paulista

Palavras-chave: Comédia Popular Ator cômico Narrativa


A Fraternal Companhia de Arte e Malas-Artes, idealizada por Ednaldo Freire e Luis Alberto de Abreu, busca por uma linguagem comunicativa, que contemple o universo cômico popular brasileiro. A Cia referencia-se nos estudos de Mikhail Bakhtin, a partir das obras de Rabelais, aproximando-se das formas populares de representação, presentes nas danças populares brasileiras, nos autos e nas narrativas cômicas, no circo-teatro e no teatro de revista. Em sua trajetória, o personagem brasileiro foi representado por tipos fixos, por heróis guerreiros (inspirados em personagens das festas populares medievais) e, recentemente, por atores saltimbancos que se apresentam com seus elementos de cena essenciais e, empregando a narrativa, se multiplicam em inúmeros personagens.




Dramaturgia da Sala de Ensaio

Roberto Ives Abreu Schettini

Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas - UFBA

Palavras-chave: Processo Colaborativo Teatro de Grupo Dramaturgia


O conceito “dramaturgia da sala de ensaio” é uma especulação epistemológica na tentativa de esclarecer com maior acuidade a noção de “dramaturgia em processo”, que compõe o sistema que se convencionou chamar de “processo colaborativo”. Mecanismo de criação de espetáculos que vem, desde a década de noventa, sendo praticado por diversos grupos teatrais no Brasil. A reflexão que segue tem o intuito de mapear as singularidades e particularidades desse procedimento dramatúrgico de criação em conjunto, em colaboração. Ademais, aferições à crise do mito do dramaturgo moderno na cena contemporânea colaborativa, a flexibilização do conceito de dramaturgia, e a especulação sobre as propostas fundamentais da dramaturgia realizada na sala de ensaio são objetos desta análise.




Mão Branca: Matrizes Míticas do Urbano

Tatiana de Morais Barbosa

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Palavras-chave: Transgressão Matriz Violência


As discussões e reflexões apresentadas fazem parte de uma pesquisa teórica-prática de mestrado em andamento intitulada "Mão Branca em Cena: Dramaturgia e Violência no Mito Urbano" e tem por objetivo principal discutir e analisar o que intitulamos de elementos míticos recorrentes no Grupo de Extermínio Mão Branca, que atuou na cidade de Natal/RN na década de 80, em analogia ao mito de Prometeu, o fenômeno do "Cangaço de Vingança" no nordeste e o mito de Exu no candomblé. Trata-se, sobretudo, de uma abordagem crítico-descritiva, cujo principal ponto de articulação encontra-se no redimensionamento do mito e seus aspectos cênico-dramatúrgicos na cena contemporânea




O tratamento da temática do trabalho na peça Bartolomeu, que será que nele deu?

Walmir Barguil Pavam

UNESP

Palavras-chave: dramaturgia paulista contemporânea teatro brasileiro trabalho


Esta comunicação analisa o tratamento da temática do trabalho na peça Bartolomeu, que será que nele deu?, de Claudia Schapira, que foi desenvolvida coletivamente pelo Núcleo Bartolomeu de Depoimentos a partir do conto Bartleby-um escriturário, de Herman Melville, escrito em 1853. O objetivo da análise é entender como a estrutura do texto foi influenciada por diversas referências artísticas do processo de criação, como o diálogo entre o teatro épico e o hip hop -foco da pesquisa do grupo-, até que ponto a obra reflete mudanças nas novas formas de organização do trabalho na atualidade, e como abre novas perspectivas estéticas de abordagem da questão na dramaturgia.




O grotesco e o riso

William Gerson da Rosa

UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campos São Paulo

Palavras-chave: grotesco circo teatro riso

Este trabalho analisa o uso do elemento grotesco como artifício da comédia para se alcançar o riso, sejam estas realizadas no picadeiro, em praças públicas, festas ou em teatros convencionais. Tendo como exemplo um esquete circense chamado "Namoro dos Palhaços", registrado por Mario Fernando Bolognesi em seu livro "Palhaços" (Ed. Unesp, 2003) e o espetáculo teatral "Queluzminha", com Ângelo Brandini e Cristiane Galvan, apresentado em junho de 2006 no "Espaço dos Parpapatões" onde ambos partem de uma mesma temática: a conquista. As formas em que o grotesco aparece no trabalho do palhaço de circo e no do ator de teatro são analisadas segundo as características de encenação e dramaturgia que as diferenciam.






C U O R E